

Caderno Mapa n.9- A Secretaria de Estado do Negócios da Fazenda e o Tesouro Nacional
De acordo com os relatórios ministeriais, no entanto, a mesma comissão de estatística estabelecida
em 1870 continuou exercendo esta atividade até 1884, quando foi expedido o decreto de 3 de maio, que
regulamentou os trabalhos da nova repartição, passando a considerá-la como um órgão do mesmo nível
das outras diretorias, sendo inclusive, dirigida por um diretor-geral. Apesar desse status elevado, os
últimos relatórios do período imperial apontam as dificuldades enfrentadas pela nova diretoria, que
contava com poucos funcionários, o que ocasionava atraso nos trabalhos (Brasil, 1888, p. 40; Brasil,
1889, p. 40-41).
Chegando ao fim do Império, podemos observar claramente como as atividades da Secretaria de
Fazenda e do Tesouro se diversificaram em relação àquelas inicialmente estabelecidas em 1822. O
Brasil, quando da Proclamação da República, era um país muito diferente economicamente daquele que
se emancipou de Portugal.
Dentro desse cenário, é possível observar que esse desenvolvimento se refletiu diretamente numa
ampliação constante do escopo de atuação da Secretaria da Fazenda. Tomando um panorama dos
relatórios ministeriais ao longo de todo o período, notamos como os assuntos ali abordados se
diversificam e se aprofundam, saindo de questões relativas apenas ao endividamento e comércio, no
começo do século, para uma ampla gama de assuntos. Tal fato baseia-se na própria dinamização da
economia nacional, que, ao introduzir novos elementos em sua composição, impôs ao governo atuar
em campos diferentes, diversificando-se em relação ao modelo predominante de economia escravista
agroexportadora, e passando a atuar, mesmo que em diferentes escalas, elaborando políticas monetárias
e financeiras.
Nesse sentido, tem destaque, na segunda metade do século XIX, o desenvolvimento do setor
bancário, cujo acompanhamento passa a ser constante nos relatórios ministeriais. Após a extinção do
Banco do Brasil em 1829, outros empreendimentos privados foram abertos no país, em diferentes
províncias. Paralelamente a essa expansão, as questões ligadas ao controle do governo sobre o setor
bancário concentraram-se no debate em torno das vantagens ou não de se estabelecer um controle
monopólico estatal sobre a emissão de papel-moeda, ao contrário do regime descentralizado que
vigorava, e de como o governo devia interferir em termos de política monetári
a 12 .Diante desse cenário, em 1853, seguindo a proposta do então ministro da Fazenda Joaquim José
Rodrigues Torres, o governo imperial optou por fundir o capital de dois estabelecimentos particulares,
o Banco Comercial do Rio de Janeiro e o Banco do Brasil, e criar um novo Banco do Brasil público,
dotado do monopólio de emissão de moeda, regulamentado de acordo com o decreto de 31 de agosto
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Para entender com mais detalhes a política monetária do país no período imperial, ver CALÓGERAS, 1960 e PÉLAEZ,
SUZIGAN, 1981.
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