Nasceu em Pelotas (RS), em 19 de novembro de 1866. Oriundo da elite local, ligada à economia das charqueadas, era filho de João Lopes Filho, barão e visconde da Graça, vice-presidente e presidente do Rio Grande do Sul (1871) pelo Partido Conservador, e de Zeferina Antônia da Luz Simões Lopes, sua segunda esposa. Iniciou os estudos na cidade de Pelotas, tendo se transferido para o Rio de Janeiro aos 13 anos, onde estudou no célebre colégio Abílio, fez os estudos preparatórios (1879-1884) e ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro (1885). Foi estudante em um período de forte atuação do propagandismo dos movimentos abolicionista e republicano, e participou da fundação do Clube Abolicionista Rio-Grandense, do Clube Republicano Rio-Grandense e do Centro Republicano da Escola Politécnica. Esteve na diretoria destas entidades por ocasião da Proclamação da República, tendo participado ativamente do desenrolar dos acontecimentos que levaram a esse evento. Em 1890, concluiu o curso de engenharia, dedicando-se à construção das estradas de ferro Sul Mineira, em Minas Gerais, e Mojiana, em São Paulo, e a obras públicas no Rio de Janeiro. Regressou a Pelotas e dedicou-se aos negócios familiares, tendo dirigido a Companhia Hidráulica Pelotense (1895-1905), de propriedade de João Simões Lopes, Antônio José de Azevedo Machado Filho e Adriano José de Melo. Apesar das reformas no abastecimento de água da cidade, a companhia foi extinta em 1908, por não conseguir implantar um sistema de esgotos em Pelotas. Filiou-se ao Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), presidido por Júlio de Castilhos, foi deputado estadual em diferentes legislaturas (1897-1906) e deputado federal por seu estado (1906-1908, 1913-1919, 1922-1930). Foi nomeado ministro da Agricultura, Indústria e Comércio no governo do presidente Epitácio Pessoa (1919-1922). À frente da pasta, reorganizou a estrutura do ministério, fomentou o ensino agropecuário com a criação de cursos técnicos complementares e de agricultura prática, reestruturou a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária e o Instituto de Química; apoiou atividades do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil na exploração de petróleo e utilização do carvão nacional como combustível, e promoveu o estabelecimento da Estação Experimental de Combustíveis e Minérios. Em 1922, desligou-se do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio em virtude de divergências entre seu partido (PRR) e o governo de Epitácio Pessoa, mas seria incumbido pelo presidente de inspecionar as obras contra as secas em companhia do general Cândido Rondon. Foi vice-presidente da Aliança Liberal, coligação criada com o objetivo de apoiar as candidaturas de Getúlio Vargas e João Pessoa, ao lado de Afonso Pena Jr., seu presidente, e Odilon Braga, secretário-geral. Assassinou, no dia 26 de dezembro de 1929, na Câmara dos Deputados, o parlamentar pernambucano Manuel Francisco de Sousa Filho, após uma discussão que envolveu ainda seu filho, Luís Simões Lopes. Presos na ocasião, pai e filho seriam absolvidos por unanimidade em agosto de 1930, sob o argumento de legítima defesa. Integrou o estado-maior civil revolucionário que conduziu a chamada Revolução de 1930, a qual depôs o presidente em exercício, Washington Luís (1926-1930), e impediu a posse da chapa vencedora das eleições, composta por Júlio Prestes de Albuquerque e Vital Soares, dando início ao governo provisório de Getúlio Vargas (1930-1934). Após a vitória, foi nomeado diretor do Banco do Brasil, tendo permanecido no cargo até 1943. Presidiu a Sociedade Nacional de Agricultura (1926-1931) e foi um dos principais incentivadores da criação da Confederação Rural Brasileira (1928). Morreu no Rio de Janeiro, em 4 de dezembro de 1943.
Daniela Hoffbauer
Abr. 2021
Bibliografia
ILDEFONSO Simões Lopes. In: MEMÓRIA DA ELETRICIDADE. Disponível em: https://bit.ly/3CHjtwJ. Acesso em: 8 abr. 2021.
LOPES, Ildefonso Simões. In: DICIONÁRIO Histórico-Biográfico da Primeira república (1889-1930). Disponível em: https://bit.ly/3ngalKj. Acesso em: 8 abr. 2021.
PEYERL, Drielli. Surge o petróleo (1864–1941). In: ______. O petróleo no Brasil: exploração, capacitação técnica e ensino de geociências (1864-1968). São Bernardo do Campo, SP: Editora UFABC, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2X1JMO2. Acesso em: 8 abr. 2021.