Nasceu no Paço da Alcáçova, em Lisboa, Portugal, em 6 de junho de 1502. Foi o décimo quinto rei de Portugal e, por ser muito religioso, tinha por alcunha ‘o Piedoso’. Foi o primogênito do segundo casamento de d. Manuel I de Portugal com d. Maria de Aragão, princesa da Espanha, filha dos reis católicos Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela. Preparado desde os 12 anos por seu pai para sucedê-lo, com a morte deste, foi aclamado rei em 19 de dezembro de 1521, na Igreja de S. Domingos. Casou-se com d. Catarina de Áustria, irmã do imperador Carlos V – Carlos I de Espanha – em 5 de fevereiro de 1525. Herdeiro de um vasto império marítimo que se estendia pelo Oriente, África e América, seu longo reinado foi marcado por problemas de administração nos territórios conquistados e pelo necessário reajustamento da política de expansão marítima. No Norte da África, as contínuas lutas de resistência dos mouros tornara custosa a presença portuguesa, tendo se verificado o abandono de algumas praças, restando apenas Ceuta, Tânger e Mazagão. Esse recuo foi compensado pela expansão do domínio português em outras regiões do império, como a Índia, onde conquistou novos territórios como Baçaim (1534) e Diu (1535), ponto estratégico entre o Mar Vermelho e a costa ocidental da Índia, importante para a manutenção das rotas comerciais. Foi ainda em seu reinado que Portugal iniciou a ocupação do litoral brasileiro com o intuito de manter a conquista do território, afastando franceses e espanhóis de sua costa. Em 1530 autorizou Martim Afonso de Souza a conceder sesmarias a quem pudesse cultivar a terra em São Vicente. Instituiu, em 1532, a política de capitanias hereditárias, mas as doações tiveram início somente em 1534. Instalou na Bahia o primeiro governo-geral em 1540, sob o comando de Tomé de Souza. Sua religiosidade e fidelidade à Igreja, bem como as alianças políticas contraídas pelo casamento, fizeram-no solicitar por vários anos a instalação de um Tribunal do Santo Ofício em Portugal, o que de fato ocorreu em 1536. Foi também responsável pela reforma da Universidade de Coimbra (1536), transferida de Lisboa definitivamente para aquela cidade, e pela criação do Real Colégio das Artes e Humanidades (1542). Recebeu, em 1540, os primeiros representantes da recém-fundada Companhia de Jesus, que atuariam como missionários em suas conquistas no Oriente e na América portuguesa, passando, também, a exercer forte influência na educação em Portugal, instituindo colégios para formação de membros da Ordem, assumindo a direção do Colégio das Artes (1555) e, em poucos anos, dominando todas as fases do ensino, do básico ao superior. Teve nove filhos, mas por ocasião de sua morte só tinha como herdeiro vivo, seu neto, d. Sebastião, de três anos de idade, que assumiria o trono onze anos mais tarde. Morreu em Lisboa, Portugal, em 11 de junho de 1557.
Bibliografia
DOMINGUES, Mário. D. João III: o homem e a sua época. Lisboa: Romano Torres, 1962.
HERMANN, Jacqueline. D. João III. In: VAINFAS, R (dir). Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
ZÚQUETE, Afonso E. Martins. ‘Dom João terceiro e sua descendência’. In: Nobreza de Portugal. Lisboa: Editorial Enciclopédia, 1960, volume I.