Nasceu na capitania de Minas Gerais, Brasil, provavelmente em Santo Antônio de Itacambira, em área da Demarcação Diamantina, em [1764]. Filho de Francisca Antônia Xavier de Bethencourt e Sá e do tenente Bernardino Rodrigues Cardoso, sua família possuía muitas posses, proveniente da exploração das minas de ouro. Com a mudança de seus pais para Bahia foi educado, junto com seu irmão, José de Sá Bethencourt e Accioli, por sua tia d. Maria Isabel de Sá, proprietária de minas de ouro em Caeté, Minas Gerais. Ingressou na Universidade de Coimbra em 1783, tendo frequentado os cursos de leis e filosofia natural (1784), tendo se diplomado em ambos (1788). Na Universidade de Coimbra, que após a reforma ilustrada (1772) tornara-se um importante centro de difusão científica, especialmente voltada para o progresso científico e a modernização de Portugal e seus domínios, conheceu José Bonifácio de Andrada e Silva. Foi eleito membro da Academia Real das Ciências de Lisboa em 1789. Recebeu uma bolsa de estudos do governo português para fazer uma viagem científica pela Europa, no campo da metalurgia e da mineração, ao lado de José Bonifácio e Joaquim Pedro Fragoso (1790). Visitou importantes centros de extração mineral, tendo visitado França, Holanda, Saxônia, Áustria, Itália, Suécia, Noruega, Dinamarca e Inglaterra. Em 1798, ao fim de sua viagem científica, foi contratado pelo Estado português para ser o consultor do governo em assuntos de minas e metalurgia. Em 1800 foi nomeado intendente-geral das minas, na província de Minas Gerais e Serro Frio, mas seguiu inicialmente para Bahia, onde permaneceu de 1801 a 1807. Chegou a Vila Rica em 1807, tendo permanecido à frente da administração do Distrito Diamantino até 1823. Em 1809 iniciou a construção da Real Fábrica de Ferro do Morro do Pilar, em Minas Gerais, que fabricou ferro gusa de 1814 a 1822, quando foi fechada. Demitiu-se do cargo de Intendente em 1822, quando ingressou na vida política ao ser eleito membro do Conselho dos Procuradores Gerais das Províncias do Brasil (1822), deputado por Minas Gerais na Assembleia Nacional Constituinte (1823) e senador (1827-1835). Foi membro de importantes associações científicas, como a Academia de História Natural de Edimburgo e a Real Academia de Ciências de Estocolmo, além da Sociedade Auxiliadora da Indústria do Rio de Janeiro. Publicou inúmeros trabalhos na área científica como Ensaio de Descrição Física e Econômica da Comarca de Ilhéus na América (1789), Memória de observações físico e econômicas acerca da extração do ouro do Brasil (1789), Observações Feitas Por Ordem da Real Academia de Lisboa Acerca do Carvão de Pedra, Que se Encontra na Freguesia da Carvoeira (1790), Nota Sobre a Extração das Minas do Principado da Transilvânia (1796), Memória sobre a necessidade de se permutar ouro em pó por moeda corrente (1799), Memória Sobre os Meios de Obter o Cobre Necessário à Cunhagem das Moedas Destinadas aos Nossos Estabelecimentos Americanos, e Particularmente Para a Projetada Permuta de Todo o Ouro em Pó por Moeda Corrente (1799), além de estudos e pareceres. Foi desembargador dos Agravos da Casa de Suplicação, conselheiro honorário da Fazenda no Conselho de d. João VI, dignitário honorário da Ordem Imperial do Cruzeiro e Comendador da Ordem de Cristo. Morreu na Bahia, em 13 de dezembro de 1835.

 

Bibliografia
MENDONÇA, Marcos Carneiro de. O intendente Camara: Manoel Ferreira da Camara Bethencourt e Sá intendente geral das minas e dos diamantes: 1764-1835. Rio de Janeiro. Imprensa Nacional, 1933. 

VARELA, Alex Gonçalves. “O processo de formação, especialização e profissionalização (1783-1800) do ilustrado manuel ferreira da câmara”. Revista de História, São Paulo, n. 155, p. 223-260, 2006. Disponível em: https://goo.gl/ec3dvc. Acesso em:10 dez. 2015.

____. As viagens científicas realizadas pelo naturalista Martim Francisco Ribeiro de Andrada na capitania de São Paulo (1800-1805). Topoi, Rio de Janeiro, v. 8, n. 14, p. 172-205, 2007. Disponível em: https://bit.ly/2N3y2TO. Acesso em: 16 dez. 2015.