Nasceu em Mamanguape, província da Paraíba, no engenho Tabocas, em 12 de fevereiro de 1838. Era filho de Manuel Lobo de Miranda Henriques e de Ana Norberta da Silveira. Seu avô paterno, tenente-coronel Francisco José da Silveira, foi um dos líderes da Revolução Pernambucana de 1817, condenado à morte. Seu pai foi político de destaque, presidente das províncias de Alagoas (1831), do Rio Grande do Norte (1833) e, duas vezes, da Paraíba (1838 e 1839). Fez os primeiros estudos no colégio da Paraíba, e após o preparatório ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde se tornou bacharel em 1859. Após formado, foi juiz na província de Minas Gerais e promotor público na corte. Filiou-se ao Partido Liberal e elegeu-se deputado geral pela província de Alagoas para as legislaturas 1864-1866 e 1867-1868. Integrou o chamado Clube Radical, composto por liberais que não aderiram ao Centro Liberal, formado após a queda do gabinete de Zacarias Góis de Vasconcelos, a ascensão do gabinete conservador do visconde de Itaboraí e a dissolução da Liga Progressista, em 1868. Em 1870, foi um dos fundadores, ao lado de Salvador de Mendonça e Lafayette Coutinho, e redator do jornal A República, um dos principais veículos de difusão do ideário republicano, empastelado em 1873. Assinou, com outras personalidades políticas, o Manifesto Republicano, que propunha o fim da monarquia e o estabelecimento de uma república federativa, publicado no periódico A República. Destacado propagandista republicano, fundou uma série de clubes em defesa desse regime pelo país. Acompanhado de Rui Barbosa, Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva e Francisco Glicério, esteve na organização do golpe à monarquia, convencendo o marechal Deodoro da Fonseca a participar do movimento. No governo provisório, foi convidado para o cargo de secretário de Estado dos Negócios do Interior, mas se desencompatibilizou dois meses depois por divergências com o marechal Deodoro, sendo substituído pelo também liberal, presidente provisório de Minas Gerais, Cesário Alvim. Foi eleito deputado para a Assembleia Nacional Constituinte (1890-1891) e a legislatura ordinária (1891-1893), pelo Distrito Federal, e senador para as legislaturas 1892-1893 e 1894-1895, tendo sido membro da Comissão de Constituição, Poderes e Diplomacia. Ficou notabilizado pelo artigo que escreveu no Diário de São Paulo, em 18 de novembro de 1889, no qual dizia que a República fora proclamada no Brasil sem nenhuma participação popular: “O povo assistiu àquilo tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam seriamente estar vendo uma parada”. Ingressou no jornalismo em 1859, no Íris Acadêmico, periódico científico e literário. Escreveu ainda em diversos jornais, como A República, O Intransigente, O Republicano, Província de São Paulo, Diário Popular e Diário de São Paulo. Morreu em Barbacena, Minas Gerais, em 23 de julho de 1896.
Daniela Hoffbauer
Abr. 2023
Bibliografia
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