Nasceu em Lisboa, Portugal, em 17 de dezembro de 1734. Filha de d. José I (1714-1777) e d. Mariana Vitória de Bourbon. Foi a primeira rainha de Portugal, tendo por alcunha, ‘a Piedosa’. Seu título, antes de ser rainha, era princesa da Beira. Após a morte do pai, passa a ser chamada princesa do Brasil e duquesa de Bragança. Sua aclamação se deu no Terreiro do Paço, em 13 de maio de 1777. Casou-se com seu tio d. Pedro, 17 anos mais velho, filho de d. João V. Foi mãe de d. José I (1761-1788) e de d. João, que subiria ao trono no Brasil, após sua morte, como d. João VI (1818-1826). No dia seguinte à morte de seu pai, d. José I, ordenou que fossem revogadas as penas de todos os presos políticos que se encontrassem em cadeias, no desterro ou no exílio. Instituiu a reforma das comunidades religiosas, através do núncio Mutti Bussi, gerando uma forte moralização da vida dos conventos. Religiosos das congregações de São Vicente de Paula e São Filipe Néri foram readmitidos para pregar e confessar. Os nomes de santos jesuítas foram reintegrados ao calendário, anteriormente retirados pelo ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal. Extinguiu ou modificou as companhias privilegiadas, como a mercantil do Grão-Pará e Maranhão e a Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro, dentre outras. Foi cuidadosa na administração fazendária e econômica nos gastos do Paço, já que o governo anterior, de d. José I e marquês de Pombal, deixara grande dívida. Foram tomadas medidas para fomentar a economia nacional, como a criação da Junta de Administração de Todas as Fábricas do Reino e Águas Livres, instituída pelo alvará de 18 de julho de 1777; a isenção de direitos alfandegários das matérias-primas importadas, além da melhoria da indústria nacional e das condições do Exército e da Marinha de Guerra. Fez uma parceria sólida de comércio com a Rússia; reverteu o saldo negativo na balança comercial com a Inglaterra, equilibrando as finanças do Reino. As audiências régias passaram a ocorrer com regularidade, abertas a todos. Esse conjunto de medidas implantadas em seu governo foi denominado “Viradeira”, em contraponto àquelas adotadas pelo marquês de Pombal. Apesar de ter dado nova força à classe eclesiástica, manteve a política regalista do governo anterior. Sob seu reinado foi criada a Academia Real das Ciências de Lisboa, em 1779, que atestava para seu governo um absolutismo de matiz ilustrado. A Academia e a Universidade de Coimbra foram dois importantes locais de difusão da ilustração em Portugal. D. Maria I teve uma vida povoada por tragédias que, possivelmente, criaram terreno fértil para o desenvolvimento de sua doença. Seu pai não teve filhos, e por pouco a privariam do direito de subir ao trono, por suposta Lei Sálica, articulada pelo marquês de Pombal e por alguns aliados. Perdeu sua mãe em 1781, o marido em 1786, e dois anos mais tarde, o príncipe herdeiro, d. José I, a filha d. Mariana Victória, o genro, d. Gabriel, e o neto, filho de ambos. Essas e outras fatalidades fragilizaram sua condição mental, que se deteriorou aos poucos até ficar sem reversão, passando a viver reclusa. No Brasil ficou conhecida pela alcunha de a louca. Morreu no Rio de Janeiro, Brasil, em 20 de março de 1816.


Bibliografia
BRAGA, P. Drummond. “Preces públicas pela saúde de d. Maria I”. Revista da Faculdade de Letras. Disponível em: <https://goo.gl/9mVVSj> . Acesso em: 9 set 2014.

NEVES, G. Pereira. D. Maria I. In: VAINFAS, R (dir). Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

ZÚQUETE, Afonso E. Martins. “Dom José Primeiro e sua descendência”. In: Nobreza de Portugal. Lisboa: Editorial Enciclopédia, 1960.