Nasceu em Lisboa, Portugal, no Paço da Alcáçova, em 3 de março de 1455. Foi o décimo terceiro rei de Portugal e tinha por alcunha “Príncipe Perfeito”, pela forma como exerceu o poder. Filho de d. Afonso V e de d. Isabel de Portugal, subiu ao trono em 1481 e governou até 1495. Casou-se com sua prima d. Leonor de Lencastre, filha do infante d. Fernando, duque de Viseu, em 1471, aos 16 anos. D. Leonor, considerada protetora das artes e das letras, dedicou-se à assistência dos mais pobres e desamparados, tendo fundado o Hospital Real de Todos os Santos, no Rossio de Lisboa, um dos maiores da Europa na época. D. João ocupou papel político relevante durante o reinado de seu pai, Afonso V, tendo participado das campanhas na África e dado continuidade à expansão marítima portuguesa. Estimulou a doutrina do mare clausum definida no Tratado de Toledo (1480), que dividia o mundo entre Portugal e Castela pelo paralelo das Canárias. Seu reinado distinguiu-se pela centralização da administração e pelo enfoque na expansão ultramarina, aumentando o reconhecimento da costa africana. Apoiou as viagens de Diogo Cão (1482-1486) e Bartolomeu Dias, que, em 1488, dobrou o Cabo das Tormentas abrindo caminho para empreendimentos na direção do Oriente, estabelecendo-se uma conexão marítima entre o Oceano Atlântico e o Índico. Rejeitou financiamento ao projeto apresentado por Cristóvão Colombo de atingir as Índias pelo Ocidente, baseado na teoria de Toscanelli, por já conhecer a rota pela costa africana. Após a descoberta do ‘Novo Mundo’ por Colombo em 1492, então a serviço dos reis de Castela, assinou o Tratado de Tordesilhas (1494), ratificado pelo papa em 1506, dando fim às divergências com a Espanha quanto à posse das terras descobertas. Considerado um administrador econômico com as finanças da coroa e severo na administração da justiça, exerceu uma política de grande concentração de poder e poucos privilégios, motivo de oposição da nobreza lusitana, o que desencadeou dura repressão aos que conspiravam contra seu reinado. Promoveu prisões e julgamentos de nobres, inclusive de seu cunhado, d. Diogo, duque de Viseu, a quem apunhalou sob a acusação de traição. Acolheu os judeus expulsos da Espanha em 1492 pelos reis católicos, Fernando e Isabel de Castela, mediante um imposto pago por pessoa, com direito a estadia em Portugal por oito meses. Concedeu privilégios aos judeus convertidos, o que criou tensão com os cristãos portugueses. Seu único herdeiro legítimo, príncipe d. Afonso, morreu em acidente antes de completar 16 anos, tendo o rei se esforçado para garantir a sucessão do trono para seu filho ilegítimo, d. Jorge de Lencastre. Foi sucedido por d. Manuel I, seu cunhado e primo, a quem nomeou em seu testamento. Morreu em Alvor, no Algarve, em 25 de outubro de 1495, aos 40 anos.


Bibliografia

COELHO, António Borges. D. João II (1455-1495): esboços de um retrato. Clio: revista do Centro de História da Universidade de Lisboa, Lisboa, 0, p. 21-45, 1995.

SILVA, Priscila Aquino. Entre Príncipe perfeito e Rei pelicano – os caminhos da memória e da propaganda política através do estudo da imagem de D. João II (século XV). 2007. 180 f. Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade Federal Fluminense, Departamento de História. Niterói, 2007.

ZÚQUETE, Afonso E. Martins. ‘Dom João segundo e sua descendência’. InNobreza de Portugal. Lisboa: Editorial Enciclopédia, 1960, volume I.