Nasceu em Coimbra, Portugal [c. 1504]. Obteve o diploma em leis pela Universidade de Salamanca, na Espanha, em 1528. Entrou para a magistratura ainda jovem, ocupando a partir de 1532 os cargos de desembargador da Suplicação, corregedor dos feitos civis da corte e desembargador dos agravos. Nomeado terceiro governador-geral Brasil em 1556, substituindo Duarte da Costa, chegou a Salvador em dezembro de 1557. Em sua nomeação para governador-geral, estabelecida por carta régia, o rei d. João III concedeu-lhe amplos poderes no âmbito cível e penal, o que não ocorrera nos governos anteriores. Foi encarregado de estimular um melhor aproveitamento da terra para resolver a questão da presença francesa no Rio de Janeiro, que causava problemas relativos ao domínio e ao governo luso na colônia. Em Salvador, instalou-se no Colégio dos Jesuítas, consolidando sua aliança com a ordem de Santo Inácio. Os jesuítas foram encarregados de integrar os indígenas à colonização, através do aldeamento, da conversão e do ensino, que efetivaram um poderoso controle sobre as populações indígenas de várias regiões da costa brasileira. Aqueles que apresentaram insubmissão foram combatidos, como se deu nas batalhas da capitania do Espírito Santo, em que o próprio filho do governador-geral, Fernão de Sá, perdeu sua vida. Procurou dar ordem à cidade de Salvador, alertando ao rei sobre o perigo de usar degredados no povoamento da colônia. Apoiou a expedição de Brás Cubas, que saiu em busca de metais preciosos, partindo de São Vicente em 1560. A principal questão enfrentada, durante seu governo, foi o combate à invasão francesa na Guanabara, iniciada em 1555, ainda na gestão de Duarte da Costa, liderada por Nicolau Durand de Villegaignon, com apoio do almirante Coligny. Organizou uma expedição para atacar a França Antártica, sem esperar os reforços militares portugueses, e venceu temporariamente os franceses, aliados dos tamoios. A permanência dos franceses levou o governo português a decidir-se pela reconquista e ocupação do território, tarefa que coube a Estácio de Sá, seu sobrinho. Em 1º de março de 1565, entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, foi fundada a cidade do Rio de Janeiro, transferida para o Morro do Castelo após a expulsão definitiva dos franceses. Novos embates ocorreram a partir de 1566, mas a expulsão final aconteceu somente em janeiro de 1567, tendo o governador-geral se deslocado ao lado de contingentes vindos de Ilhéus, Porto Seguro e São Vicente, para auxiliar a armada enviada por Portugal, que recebeu ainda reforço dos temiminós. Estácio de Sá morreu em decorrência de ferimentos deste último combate. Em setembro de 1570 escreveu o documento Instrumento de serviços, onde fazia uma exposição de suas realizações para a Coroa portuguesa desde que partiu de Portugal, em 1557, e solicitava seu retorno ao Reino. Governou até sua morte já que seu substituto, d. Luís de Vasconcelos, foi morto na viagem, atacado por corsários franceses. Morreu em Salvador, em março de 1572.
Bibliografia
ABREU, C. de. Capítulos de história colonial. Brasília: Senado Federal, 1998. Coleção Biblioteca Básica Brasileira, volume 65.
CAVALCANTI, Nireu. O Rio de Janeiro setecentista: A vida e a construção da cidade da invasão francesa até achegada da Corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
FREI VICENTE DE SALVADOR. História do Brasil. 7ª ed. Belo Horizonte, Itatiaia, 1982.
GOUVÊA, M. F. S. “Mem de Sá”. In: VAINFAS, R (dir). Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.