Nasceu em Salvador, Bahia, em 1762. Oriundo de família da camada média da colônia, era filho de Raimundo Nunes Barata, tenente das tropas regulares portuguesas sediadas na Bahia, e de Luísa Josefa Xavier de Almeida. Em Salvador estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1786 matriculou-se nos cursos de medicina, filosofia e matemática da Universidade de Coimbra. Bacharelou-se apenas em filosofia e, em virtude do falecimento de seu pai, não concluiu o curso de medicina, tornando-se um ‘cirurgião aprovado’. Foi defensor do ideário iluminista e das ideias liberais e republicanas difundidas pela Revolução Francesa, motivo pelo qual sofreu acusações de heresia em processo do Santo Ofício, durante sua permanência em Portugal, em 1788. Ao retornar à Bahia, em [1790], trabalhou como médico e farmacêutico, deu aulas particulares de latim, gramática e aritmética, além de ter arrendado terras de plantação de cana-de-açúcar, em 1794, que utilizava o trabalho escravo. Alguns autores apontam que teria sido membro da loja maçônica Cavaleiros da Luz, a primeira fundada no Brasil, em 1797, ao lado do padre Agostinho Gomes, do senhor de engenho Inácio Siqueira Bulcão e do coronel João Ladislau de Figueiredo e Melo. Novamente denunciado à Mesa de Inquisição de Coimbra por suas ideias, em 1798, foi acusado de envolvimento na Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates. Permaneceu um ano preso e teve seus bens confiscados e sua biblioteca apreendida. Entusiasta da independência do Brasil, apoiou a Revolução Pernambucana de 1817 e fundou um comitê, que funcionou entre 1818 e 1820, com o objetivo de apoiar e arrecadar meios para o sustento dos detidos. Por esta atuação, ao lado de outros simpatizantes e propagandistas, sofreu pressão do governador da Bahia, Marcos de Noronha e Brito, 8º conde dos Arcos. Foi eleito deputado às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, convocadas em 1821 em decorrência da Revolução do Porto, para elaboração de uma nova Constituição para Portugal e seus domínios ultramarinos. Contrário à política de regeneração proposta pelas Cortes Gerais, adotou postura radical e, ao lado de cinco outros deputados, negou-se a assinar a Constituição portuguesa e fugiu para o Brasil. Retornou em dezembro de 1822, e deu início à carreira de jornalista, ofício que lhe deu bastante destaque. Escreveu na Gazeta de Pernambuco e em seu próprio jornal, lançado em abril de 1823, Sentinela da Liberdade na Guarida de Pernambuco. Opôs-se abertamente ao governo imperial e às posturas absolutistas de d. Pedro I, bem como de seu ministro, José Bonifácio. Foi eleito deputado pela Bahia mais uma vez, mas recusou-se a participar da Assembleia Constituinte de 1823, que acabou sendo dissolvida por d. Pedro. Perseguido em razão de sua postura política oposicionista, foi preso diversas vezes. Permaneceu na prisão por sete anos em razão de sua recusa em assumir o lugar de deputado constituinte (1823-1830), voltando a ser preso em 1831 e em 1833. Mesmo na prisão, não deixou de publicar seu jornal, com diferentes nomes de acordo com o lugar em que estava, e fazer propaganda política. Mudou-se para Recife, após sua última prisão, onde continuou a editar o Sentinela da Liberdade. Em 1836 transferiu-se para Natal, tendo se afastado da política e do jornalismo, trabalhando como médico e professor de francês no Ateneu Norte Rio Grandense. Morreu em Natal, Rio Grande do Norte, em 1º de junho de 1838.

 

Bibliografia:

ABRÊU, Eide Sandra Azevêdo. A escrita combativa de Cipriano Barata. Disponível em: <https://goo.gl/4j157p>. Acesso em: 18 jan 2017.

GOUVÊA, Maria de Fátima S. Cipriano Barata. In: VAINFAS, Ronaldo (dir). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro. Editora Objetiva. 2002.

TAVARES, Luis Henrique Dias. Cipriano José Barat de Almeida. Disponível em: <https://goo.gl/d8bgdU>. Acesso em: 10 jan 2017.

WEID, Lucas von der. Cipriano Barata. In: ERMAKOFF, George (org). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro. G. Ermakoff Casa Editorial. 2012.