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José Cesário de Faria Alvim

Publicado: Quinta, 06 de Outubro de 2022, 00h00 | Última atualização em Quarta, 07 de Dezembro de 2022, 12h48 | Acessos: 1671

Nasceu no arraial de Pinheiro, atual Pinheiros Altos, município de Mariana, província de Minas Gerais, em 7 de junho de 1839. Era filho do coronel de milícias José Cesário de Faria Alvim e de Teresa Januária Carneiro, ambos de famílias tradicionais dessa região. Com a morte do avô materno, Antônio Januário Carneiro, sua família herdou terras e transferiu-se para o arraial de São Januário do Ubá, Minas Gerais, fundando a fazenda da Liberdade, onde plantava café e arroz. Iniciou seus estudos primários em Pinheiro, realizou o curso secundário no colégio do cônego Roussin, em Mariana, e o preparatório para ingresso em ciências jurídicas em Ouro Preto, concluído em 1856. Na Faculdade de Direito de São Paulo, colaborou com os jornais O Timbira e O Futuro, ao lado de contemporâneos como Francisco Rangel Pestana e Teófilo Otoni, e ingressou no Partido Liberal. Em 1862, concluiu o curso de direito e atuou como advogado em Ubá e Ouro Preto, além de exercer o cargo de secretário da repartição de Polícia. Incluído na lista de candidatos à Assembleia provincial pelo Partido Liberal, foi eleito deputado para as legislaturas 1864-1865 e 1866-1867, deputado geral para 1867-1868, 1877, 1878-1880 e 1886-1889, e senador para 1890-1891 e 1898-1899. Em 1868, com a crise política que levaria à queda do gabinete liberal de Zacarias de Góis e Vasconcelos e a dissolução da Câmara dos Deputados, participou do jornal A Reforma, originário do Clube da Reforma, que faria oposição aos conservadores, acompanhado de nomes como Joaquim Nabuco, Zacarias de Góis e Vasconcelos, Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, Benedito Otoni, Tavares Bastos e outros. Mais uma vez deputado geral nas legislaturas 1877 e 1878, fez contundentes ataques ao chefe do gabinete conservador e ministro da Fazenda, João Maurício Wanderley, barão de Cotegipe, sócio de empresa de importação de popelines que se aproveitaria de sua influência política nos negócios. Foi presidente da província do Rio de Janeiro de 1884 a 1886, nomeado pelo presidente do Conselho de Ministros, Manuel Pinto de Sousa Dantas, em meio à crise em torno da questão servil, que levaria à aprovação da lei n. 3.270, de 28 de setembro de 1885, também conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe ou Lei dos Sexagenários, que libertava os escravizados com mais de sessenta anos de idade. Monarquista, aderiu ao Partido Republicano Mineiro em 11 de junho de 1889, em sessão da Câmara, quando da apresentação do gabinete liberal de Afonso Celso, visconde de Ouro Preto, seu adversário político. Naquele ano, instaurada a República, foi nomeado por Deodoro da Fonseca presidente provisório de Minas Gerais. Em sua curta gestão, mudou o nome de São José del-Rei para Tiradentes, o que acirrou disputas locais em torno da transferência da capital do estado de Ouro Preto, proposta apoiada por grupos de oposição ao seu governo. Em 1890, renunciou à presidência do estado para assumir o convite de Deodoro da Fonseca para a pasta de Negócios do Interior. Ainda em 1890, foi eleito senador por Minas Gerais para a Assembleia Nacional Constituinte, instalada em 15 de novembro de 1890, função que acumularia com o cargo de secretário de Estado. Em 1891, aderiu à renúncia coletiva do ministério de Deodoro da Fonseca, em meio à grave crise política e econômica que marcou o governo provisório e culminou no empastelamento da redação do jornal de orientação monarquista A Tribuna, de oposição à república e ao governo. Promulgada a Constituição, em 24 de fevereiro de 1891, assumiu a legislatura ordinária no Senado, do qual iria se desincompatibilizar em junho desse mesmo ano, ao ser eleito por via indireta presidente de Minas Gerais pela Assembleia Constituinte estadual. Apoiou o golpe de Estado que fechou o Congresso Nacional e instaurou o estado de sítio, levando à renúncia do marechal Deodoro da Fonseca. Em 1892, afastou-se da presidência do estado em meio a uma campanha oposicionista dos chamados republicanos históricos. Em 1893, apoiou os nomes de Francisco Bernardino e Américo Luz para a sucessão de Afonso Pena no governo estadual, tendo feito campanha pelas páginas do jornal Opinião Pública, que fundara, mas o candidato eleito foi Bias Fortes. Exerceu o cargo de prefeito do Distrito Federal, nomeado pelo presidente Campos Sales, de dezembro de 1898 a maio de 1899. Sua curta gestão foi marcada por embates com as forças políticas locais, representadas no Conselho Municipal, especialmente em torno da questão do funcionalismo público e das finanças municipais. Aprovou a criação do Instituto Soroterápico Federal, como forma de combate ao avanço da peste bubônica, instalado na fazenda Manguinhos, de propriedade da prefeitura do Distrito Federal. Foi presidente da Companhia Ferroviária Oeste de Minas e diretor do Lloyd Brasileiro. Atuou nos jornais Timbira (1860), O Futuro (1862), A Reforma (1869), O Diário de Minas, Opinião Mineira e Farol. Teve publicados os trabalhos O empréstimo externo (1874), Discursos parlamentares (1876) e Um ministro negociante: discursos proferidos na interpelação de 13 do corrente na câmara temporária pelos deputados Cesário Alvim e Silveira Martins (1877). Morreu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 3 de dezembro de 1903.

Dilma Cabral
Abr. 2022

 

Bibliografia

 ALVIM, Cesário. In: DICIONÁRIO Histórico-Biográfico da Primeira república (1889-1930). Disponível em: https://bit.ly/3OaOrmO. Acesso em: 13 abr. 2022.

CARVALHO, José Murilo de. Liberalismo, radicalismo e republicanismo nos anos sessenta do século dezenove. Centre for Brazilian Studies, University of Oxford, Working Paper 87. Disponível em: https://bit.ly/3Mjt7dp. Acesso em: 13 abr. 2022.

 BRASIL. Câmara dos Deputados. Cesário Alvim. Disponível em: https://bit.ly/3viHKGP. Acesso em: 12 abr. 2022.

 BRASIL. Senado Federal. Senador Cesário Alvim. Disponível em: https://bit.ly/3JIXIPM. Acesso em: 12 abr. 2022.

 COSTA, Frederico Lustosa da; ZAMOT, Fuad. Rio de Janeiro: uma cidade, muitas capitais. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.

 FITTIPALDI, Marta Lúcia Lopes. “Adesistas e históricos”: as disputas discursivas no processo de legitimação dos vários projetos republicanos. Faces de Clio, v. 3, n. 6, p. 41-54, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3jA7Wav.  Acesso em: 13 abr. 2022.

 GONÇALVES, Ari. Pesquisa histórica – Cesário Alvim: a saga de jovem advogado do interior que se tornaria figura destacada no império e prócer da República. Revista da Faculdade de Direito da UFMG [recurso eletrônico], Belo Horizonte, n. 41, p. 329-340, jan./jun. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3KCelOh. Acesso em: 12 abr. 2022.

 VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. A capital controversa. Revista do Arquivo Público Mineiro, v. XLIII, p. 28-41, 2007. Disponível em: https://bit.ly/37OZWj3. Acesso em: 13 abr. 2022.

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