Francisco de Paula Brito

 Nasceu no Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 1809. De família humilde, filho e neto de escravos libertos, seus pais eram o carpinteiro Jacinto Antunes Duarte e Maria Joaquina. Viveu dos seis aos treze anos no engenho de farinha de Suruí, em Magé, arrendado por sua família, onde aprendeu as primeiras letras com a irmã Ana Angélica. Retornou ao Rio de Janeiro em 1823, tendo vivido com o avô materno, sargento-mor dos pardos, Martinho Pereira de Brito. Após a morte de seu avô, em 1830, passou a morar com o primo, o livreiro Silvino José de Almeida. Foi ajudante de botica, tendo ingressado em 1824 na Tipografia Nacional, como aprendiz de tipógrafo. Após este período trabalhou na oficina tipográfica de Pierre Plancher, que fundou o Jornal do Comércio, onde foi diretor de prensas, redator e tradutor (1827-1830). Afastou-se da tipografia por um breve período, quando ingressou como adido na Segunda Companhia do Terceiro Batalhão de Caçadores da Corte (1830-1831). Tentou ser nomeado para um cargo vago na Câmara do Senado, mas não conseguiu. Em 1831 comprou a livraria do primo Silvino José de Almeida, na Praça da Constituição, e no ano seguinte deu início às atividades da Tipografia Fluminense Brito & C., que passou a denominar-se Tipografia Imparcial de Britto, em 1835. Neste período fundou a Sociedade Petalógica do Rossio Grande, sociedade literária que teve a participação de políticos, médicos, advogados, poetas, dramaturgos e funcionários públicos, tendo reunido nomes como Gonçalves Dias, Araújo Porto-Alegre, Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, João Caetano, Eusébio de Queiroz e José da Silva Paranhos. Expandiu suas atividades e criou em 1848 a ‘Loja do Canto, como era chamada pelos contemporâneos a livraria e papelaria. Em 1850 fundou a Imperial Tipografia Dois de Dezembro, uma companhia por ações que teve entre seus acionistas o imperador d. Pedro II, que lhe concedeu o título de Impressor da Casa Imperial, além de outros importantes nomes da elite brasileira. Tentou expandir a tipografia e transformá-la na Empresa Literária Dois de Dezembro, o que coincidiu com a crise financeira fomentada pela política de emissões das instituições bancárias, levando-o à concordata, penhora de bens e falência (1856-1857). Tentou retomar seus negócios, tendo montado uma nova tipografia, litografia e encadernadora, a Tipografia Paula Brito. Envolveu-se ainda com a criação de uma ‘Caixa Auxiliadora da Literatura’, cujo objetivo era premiar as melhores músicas e peças teatrais. Ocupou uma posição de prestígio entre a elite e a intelectualidade do Rio de Janeiro, tendo progressivamente se tornado um conservador ‘saquarema’. Um dos mais importantes editores do seu tempo, publicou inúmeros jornais como a Mulher do Simplício ou A Fluminense Exaltada, a primeira revista feminina do país (1832); o Mulato ou o Homem de Cor, o primeiro empenhado na luta contra o preconceito racial (1833); além de O Conciliador Fluminense, O Justiceiro Constitucional, O Novo Caramuru, O Brasil, A Regeneração, A Marmota na Corte, que teve em Machado de Assis um de seus colaboradores; além de periódicos científicos como a Revista Médica Fluminense, Revista Médica Brasileira, Arquivo Médico Brasileiro, Anais de Medicina Brasiliense. Morreu no Rio de Janeiro, em sua residência no Campo de Santana, no dia 5 de dezembro de 1861.

Daniela Hoffbauer

1º set. 2017

Bibliografia

ANTUNES, Cristina. O editor Francisco de Paula Brito (1809-1861). In: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. São Paulo, USP. Disponível em: <https://goo.gl/uckaGZ>. Acesso em: 23 ago. 2017. 

GODOI, Rodrigo Camargo de. Um editor no Império: Francisco de Paula Brito (1809-1861). (1809-1861). 2014. Tese (Doutorado) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. 2014. Campinas, São Paulo. 

HALLEWELL, Laurence. O Livro no Brasil. São Paulo. Edusp. 2005. Disponível em: <https://goo.gl/FNdbLU>. Acesso em: 31 ago. 2017. 

SILVA, Álvaro Costa e. Paula Brito. In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro. G. Ermakoff casa editorial. 2012. 

SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad. 1999.