Nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1838. Era filho do primeiro-tenente da Armada José Eduardo Wandenkolk e de Martina Gomensoro. Iniciou sua carreira militar em 1853, quando ingressou na Marinha como aspirante a guarda-marinha, cargo em que foi efetivado em novembro de 1855. Participou da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), que reuniu Brasil, Argentina e Uruguai contra as forças paraguaias de Solano López, no comando do vapor Tramandahy, ao lado do almirante Barroso, e atuou no sítio de Montevidéu, até sua rendição. Foi nomeado chefe do Estado-Maior da Armada (1869) e, no ano seguinte, assumiu o comando da Capitania dos Portos da província do Rio Grande do Sul. Integrou a comissão de imprensa do Clube Militar (1887), agremiação que reunia oficiais abolicionistas e republicanos, tendo como presidente o general Deodoro da Fonseca e vice-presidente Custódio José de Melo. Com a Proclamação da República foi nomeado ministro da Marinha, no governo provisório de Deodoro da Fonseca, assumindo interinamente as pastas das Relações Exteriores e da Guerra (1890). Em sua gestão à frente da pasta da Marinha, implementou um processo de reformulação, incorporando equipamentos e embarcações e organizando o quartel-general da Armada; criou as brigadas de Enfermeiros, no Corpo de Saúde, e de Fiéis, no Corpo da Fazenda; organizou os corpos dos Engenheiros Navais e dos Maquinistas; organizou o Serviço Geral e Fluvial da Praticagem e contribuiu para a reformulação do Código Disciplinar para a Armada. Foi eleito senador para a Assembleia Nacional Constituinte (1890-1891) e a legislatura ordinária (1891-1893), pelo Distrito Federal. Exonerou-se do cargo de ministro da Marinha em meio à renúncia coletiva do ministério do governo provisório de Deodoro da Fonseca, em 22 de janeiro de 1891. Promulgada a Constituição, em 24 de fevereiro de 1891, coube ao Congresso realizar a primeira votação para os cargos de presidente e vice-presidente da República. Foi candidato a vice-presidente, sendo eleitos o presidente Deodoro da Fonseca, que derrotou o candidato civil Prudente de Morais, e o vice-presidente Floriano Vieira Peixoto. Em 3 de novembro de 1891, em meio a uma grave crise política, o presidente fechou o Congresso e decretou o primeiro estado de sítio após a promulgação da Constituição. No que ficou conhecido como Primeira Revolta da Armada, unidades da Marinha ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, resultando na renúncia do marechal Deodoro, com a assunção do vice-presidente Floriano Peixoto. Assinou o chamado Manifesto dos 13 Generais, publicado no dia 6 de abril de 1892, que contestava a legitimidade do novo governo, criticava a intervenção nos estados e reivindicava novas eleições. Foi reformado, preso e enviado para o exílio em Tabatinga, na fronteira do Brasil com o Peru, ao lado de outros presos políticos. De volta ao Rio de Janeiro poucos meses depois, assumiu, em 11 de junho de 1893, a presidência do Clube Naval. Ao lado do ministro da Marinha que acabara de se demitir, Custódio de Melo, e do almirante Luís Felipe Saldanha da Gama, participou da Revolta da Armada (1893), cujos bombardeios e bloqueio naval obrigariam o governo a transferir sua sede para a cidade de Petrópolis. Dirigiu-se ao sul, ao lado do almirante Custódio de Melo, para tentar uma aliança com as forças de Gaspar Silveira Martins, que liderava a Revolução Federalista (1893-1895) contra o presidente do estado Júlio de Castilhos, apoiado por tropas federais. Teve seu navio aprisionado no litoral de Santa Catarina e foi preso na fortaleza de Santa Cruz, em Niterói. Anistiado na presidência de Prudente de Morais (1894-1898), reassumiu seu lugar de senador e sua carreira na Marinha, por sua reforma ter sido considerada inconstitucional. Na presidência de Campos Sales (1898-1902), foi nomeado chefe do Estado-Maior da Armada e assumiu mais uma vez a presidência do Clube Naval (1900-1901). Recebeu as medalhas da Rendição de Montevidéu e da Passagem de Humaitá, por sua participação na Guerra do Paraguai; foi condecorado com a Medalha Militar de Ouro e a Medalha do Mérito Militar; recebeu os graus de cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa (1866) e Imperial Ordem de Cristo (1867); e de comendador da Ordem de São Bento de Aviz e da Real Ordem Portuguesa de Nossa Senhora de Vila Viçosa. Publicou repertórios de legislação naval, relatórios técnicos e as obras Tática naval para uma frota couraçada (1876), Relatório da viagem da corveta Bahiana ao mar das Índias (1879); Manobreiro para navios de vela (1876) e Relatório da corveta Vital de Oliveira ao Báltico (1884). Morreu no Rio de Janeiro, em 4 de outubro de 1902.
Daniela Hoffbauer
Maio 2021
Bibliografia
ARIAS NETO, José Miguel. A Revolta da Armada de 1893: um fato construído. In: JANOTTI, Maria de Lourdes M.; PRADO, Maria Lígia C.; OLIVEIRA, Cecilia Helena de S. (org.). A história na política, a política na história. São Paulo: Alameda, 2006. p. 133-177.
EDUARDO Wandenkolk. In: BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Dicionário bibliográfico brasileiro. v. 2. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1883. Disponível em: https://bit.ly/3hP1zjd. Acesso em: 7 maio 2021.
PATRONO do CIAW [Eduardo Wandenkolk]. Disponível em: https://bit.ly/3Cw0pAQ. Acesso em: 7 maio 2021.
WANDENKOLK, Eduardo. In: DICIONÁRIO Histórico-Biográfico da Primeira República 1889-1930. Fundação Getúlio Vargas. Disponível em: https://bit.ly/2W3DDAN. Acesso em: 5 maio 2021.