Nasceu em Maricá, província do Rio de Janeiro, em 23 de outubro de 1862. De família simples, era filho de Domingos Antônio Forneiro, português de Viana do Castelo estabelecido no Brasil, possuidor de um pequeno engenho e uma chácara em Niterói, e da brasileira Mariana. Iniciou os estudos no colégio interno de Visconde de São Valentim, em Nova Friburgo, e fez o preparatório no colégio do padre Guedes, na corte. Ingressou na Escola Politécnica, no Rio de Janeiro, mas não concluiu o curso. 

Ao abandonar os estudos, dedicou-se ao grêmio literário Jardim de Academus e à publicação de seus contos no Jornal do Comércio e na Gazeta de Notícias, além de dar aulas particulares de geografia. Nesse período tornou-se grande amigo de nomes como Capistrano de Abreu e Raul Pompeia. Em 1889, foi enviado pela Gazeta de Notícias para cobrir a Exposição Internacional Comemorativa do Centenário da Revolução Francesa em Paris. Foi apresentado a José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, de quem se tornaria um grande amigo e assessor. Em 1891, ingressou na carreira diplomática, sendo nomeado para a Superintendência Geral de Emigração, dirigida pelo barão do Rio Branco, com sede em, Bruxelas, cuja função era a promoção do serviço de imigração para o Brasil,  (1891-1893). Foi secretário da missão especial chefiada por Rio Branco em Washington sobre litígios territoriais com a Argentina, a respeito de Palmas (1893-1895), e na Questão do Amapá, com a França (1895-1900). Participou ainda da missão especial chefiada por Joaquim Nabuco referente ao território da Guiana Inglesa, entre Brasil e Inglaterra, conhecida como Questão do Pirara (1900-1901). Foi assessor do barão do Rio Branco quando assumiu o Ministério das Relações Exteriores, na presidência de Francisco de Paula Rodrigues Alves (1902-1906). Na diplomacia ocupou ainda os cargos de secretário de Legação na Santa Sé (1900), ministro da delegação brasileira em Lima, no Peru (1906), e ministro da delegação do Brasil em Buenos Aires, Argentina (1907). Foi embaixador brasileiro em Washington (1910-1918), quando atuou na crise entre Brasil e Estados Unidos em torno da chamada questão do truste de café, em 1912, e na mediação do rompimento diplomático entre os governos norte-americano e mexicano, decorrente da Revolução Mexicana, em 1913. Foi ministro das Relações Exteriores, no curto governo do presidente Delfim Moreira (1918-1919), que assumiu o cargo com a morte do titular Rodrigues Alves. Em 1922, no governo do presidente Epitácio Pessoa (1919-1922), foi nomeado embaixador do Brasil em Londres. Em 1924, retornou ao Brasil, aposentado pelo presidente Artur Bernardes, insatisfeito com sua atuação no episódio da entrada efetiva do país na Liga das Nações. Publicou os livros Contos a meia tinta (1891) e Histórias curtas (1901), tendo destacada atuação em jornais e revistas como Revista Brasileira, Revista Moderna de Paris e Ilustração Brasileira. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (1897). Morreu em 5 de novembro de 1925.

 

Daniela Hoffbauer
Set. 2022

 

Bibliografia

GAMA, Domício da. In: DICIONÁRIO Histórico-Biográfico da Primeira República (1889-1930). Disponível em: https://bit.ly/3LswD69.  Acesso em: 19 set. 2022.

GAMA, Domício da. In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012. p. 535.

JOSÉ Maria da Silva Paranhos Júnior, barão do Rio Branco. In: MEMÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA. Disponível em: https://bit.ly/3SlNeep. Acesso em: 20 set. 2022.

FRANÇA, TC Nascimento. Self-made nation: Domício da Gama e o pragmatismo do bom senso. Tese (Doutorado em Relações Internacionais) – Universidade de Brasília, Brasília, 2007. Disponível em: https://bit.ly/3BATl7e. Acesso em: 21 set. 2022.

SEREZA, Haroldo C. Impasses e negociações na prosa de Domício da Gama. Disponível em: https://bit.ly/3R3wmaM. Acesso em: 22 set. 2022.