Nasceu em Porto Alegre, província do Rio Grande do Sul, em 4 de maio de 1844. Era filho de Ricarda Manoela da Maia Borman e Wilhelm Borman, alemão que veio para o Brasil para participar do Corpo de Estrangeiros de dom Pedro I, divisão do Exército brasileiro formada por estrangeiros e mercenários europeus para lutar contra as tropas portuguesas no processo de independência. Em 1861, ingressou na Escola Militar do Rio Grande do Sul, nos cursos de cavalaria e infantaria. Em 1864, foi destacado para a Guerra do Uruguai, campanha militar contra o então presidente uruguaio Atanásio da Cruz Aguirre, que garantiu a posse de Venâncio Flores. Comandou uma bateria de artilharia do regimento de Mallet, composta por legionários alemães brummer e seus descendentes, recrutados nas colônias alemãs do Sul. Em 1865, participou da Guerra do Paraguai (1864-1870), como alferes do 5º batalhão de Voluntários da Pátria, que reuniu Brasil, Argentina e Uruguai contra as forças paraguaias de Solano López. Integrou importantes ações militares, como o combate da ilha da Redenção, no rio Paraná, e a batalha de Curupaiti, às margens do rio Paraguai, a maior derrota da Tríplice Aliança, em que foi gravemente ferido. Foi promovido a segundo-tenente (1868), primeiro-tenente (1869), capitão graduado (1871), major (1885), tenente-coronel (1890), coronel graduado (1892), coronel (1893), general de brigada (1900) e general de divisão (1908). Em 1872, fez o curso de Estado-Maior de primeira classe, formando-se nesse mesmo ano bacharel em matemática e ciências físicas, na Escola Militar do Rio de Janeiro. Em 1874, fez parte de uma comissão de engenheiros militares. No ano seguinte, foi nomeado ajudante de ordens de Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, quando este foi ministro da Guerra e presidente do Conselho de Ministros (1875-1878). Em 1877, foi em viagem à Europa, designado membro de comissão composta para estudar telegrafia militar e fortalezas. Em 1880, foi encarregado de presidir comissão para fundação da colônia militar em Chapecó, na província do Paraná, destinada à defesa das fronteiras e à proteção dos habitantes. A colônia fora criada em 1859, pelo decreto n. 2.502, de 16 de novembro, mas, em virtude de litígio com o governo argentino em relação às terras, somente seria implantada em 1882, após acordos diplomáticos. Foi nomeado diretor da colônia, cargo que ocupou até o ano de 1898, tendo fomentado a colonização do território e inúmeras melhorias, como a fundação de uma escola de música e um teatro, além da criação do jornal O Chapecó, em 1892. Por ocasião da Revolução Federalista (1893-1895), deflagrada no Rio Grande do Sul e que se estendeu pelos estados vizinhos, foi convocado à capital Paraná por suspeita de apoio aos revoltosos, quando foi dispensado do cargo de diretor da colônia e de comandante da Guarnição de Fronteira de Palmas, e transferido para a segunda classe do Exército. Tais decisões foram revistas por seu posicionamento durante a ameaça de invasão dos federalistas à colônia de Chapecó. Assumiu diversos cargos em repartições militares. Em 1909, tornou-se comandante da Região Militar, que englobava o estado do Rio Grande do Sul, e nomeado chefe do Estado-Maior do Exército, do qual já havia sido subchefe. Filiado ao Partido Republicano Federal, em 1899 foi eleito vice-presidente do Paraná. Findo o mandato, em 1901, elegeu-se deputado estadual no Paraná. Foi nomeado, pelo presidente eleito Nilo Peçanha (1909-1910), ministro da Guerra. Sua gestão foi marcada pela reorganização do Exército, aprovando regulamento, entre outros, para os Serviços Gerais, a Confederação do Tiro Brasileiro e as organizações a ela incorporadas; instituiu os tiros de guerra, encarregados de formar reservistas para o Exército; reorganizou o Serviço de Saúde; regulamentou o Serviço de Remonta; e aprovou regulamento para o Serviço Militar Veterinário. Em janeiro de 1911, foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar (STM), sendo reformado como marechal a 6 de dezembro de 1911. Exonerou-se do STM, a pedido, em 6 de fevereiro de 1912. Recebeu as medalhas de Mérito Militar e da Campanha do Paraguai, concedidas pelo Brasil, República da Argentina e República Oriental do Uruguai, bem como a medalha da Rendição de Uruguaiana. Foi agraciado com diversos títulos e condecorações durante sua trajetória profissional, dentre eles, cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo, da Ordem de São Bento de Aviz e Ordem do Cruzeiro. Presidiu o Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Paraná, foi patrono da cadeira número 4 da Academia de Letras do Paraná e da cadeira número 31 do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil. Publicou inúmeras obras sobre a história do Exército e das campanhas militares, como O marechal duque de Caxias (1880), Fotografia militar (1880), História da Guerra do Paraguai (1897), Dias fratricidas: memórias da Revolução Federalista no estado do Paraná (1901), A campanha do Uruguai (1907), Rosas e o Exército aliado (1912), A batata de Leipzig (1914) e Campanha de 1851-52 (1916). Morreu no Rio de Janeiro em 1° de junho de 1919, aos 75 anos.
Daniela Hoffbauer
Maio 2023
Bibliografia
BORMAN, José Bernardino. In: DICIONÁRIO Histórico-Biográfico da Primeira República (1889-1930). Disponível em: https://bit.ly/40tieMB. Acesso em: 20 abr. 2023.
MARTINS, L. B. Os mercenários de Pedro I. Insight Inteligência, Rio de Janeiro, v. 41, p. 86, 2008.
PONDÉ, A.; PAULA, Francisco de. Organização e administração do Ministério do Exército. Brasília: Centro de Documentação, Informação e Difusão Graciliano Ramos - Biblioteca do Exército. Brasília, 1994.
VENSON, Leticia Maria. “Donde se avista o caminho da roça”: José Bernardino Bormann e a Colônia Militar de Chapecó. Dissertação (Mestrado) – Licenciatura em História, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3mNEfYP. Acesso em: 20 abr. 2023.
VENSON, Leticia Maria. Dias fratricidas: revolução federalista na Colônia Militar do Chapecó. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, n. 160, p. 57-76, jul. 2021. Disponível em: https://shre.ink/9JF4. Acesso em: 20 abr. 2023.