Nasceu em Paris, França, em 15 de julho de 1776. Cursou a Escola de Belas Artes, tendo conquistado em 1799 o prêmio de Roma com a obra “Elísio ou cemitério público”. Estudou na Itália, onde frequentou a Academia Francesa de Belas Artes, dando continuidade a seus estudos, em especial na arquitetura clássica. Dirigiu as obras de adaptação da Vila Médici, adquirida pelo governo francês para nova instalação da academia, e realizou inúmeros outros projetos. De volta à França como arquiteto renomado, foi contratado para trabalhar na corte de Westfalia, território conquistado por Napoleão. Em Cássel, dirigiu a reforma do Palácio Bellevue e do Palais des États, o projeto do monumento de Napoleão, na praça da Ópera, o plano do Parque Katharinental e um portão monumental para as Cavalariças Reais. Retornou a Paris em 1813, após a derrota de Napoleão e a invasão austro-prussiana a Westfalia. Recebeu convite de Joaquim Lebreton, encarregado de organizar a vinda de um grupo de artistas franceses para estabelecimento de uma escola de belas artes e ofícios no Brasil. Chegou ao Rio de Janeiro em 1816 e recebeu de Antônio de Araújo e Azevedo, conde da Barca, a incumbência de criar um projeto para a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, tendo se tornado o primeiro professor de arquitetura do país. No Brasil atuou como paisagista, criou chafarizes e fontes para abastecimento de água e realizou projetos de aterro e drenagem do solo. Foi responsável por vários trabalhos para a coroa portuguesa, como a ornamentação da cidade por ocasião das comemorações da chegada ao Brasil da arquiduquesa da Áustria, dona Leopoldina (1817), e da aclamação de d. João VI (1818). Alcançou posição de destaque como arquiteto, sendo de sua autoria inúmeros projetos como a Praça do Comércio – onde hoje funciona a Casa França-Brasil – concluída em 1820 e que lhe rendeu a condecoração da Ordem de Cristo por d. João; o Mercado na rua dos Peixes, na Praça XV (1834), a adaptação do Seminário São João para a instalação do Colégio de Pedro II (1838), as sedes da nova Câmara Municipal e da Biblioteca Nacional (1841) e o anteprojeto para a sede do Museu Imperial (1842). Entre os projetos realizados para particulares, o mais conhecido é o da sua residência na Gávea, o Solar Grandjean de Montigny, que permanece até os dias atuais sob administração da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Adaptado ao Brasil, não voltou à França. Morreu no Rio de Janeiro em 1850.
Bibliografia
BITTENCOURT, Gean Maria; GAUTHEROT, Marcel. A missão artística francesa de 1816. 2. ed. refund. Fot. Marcel Gautherot. Petrópolis: Museu de Armas Ferreira da Cunha, 1967.
MIZOGUCHI, Ivan; MACHADO, Nara Helena N. (org.). Palladio e o neoclassicismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.
MORALES DE LOS RIO FILHO, Adolfo. Grandjean de Montigny e a evolução da arte brasileira. Rio de Janeiro: A Noite, 1941.
TAUNAY, Afonso d’Escragnolle. A missão artística de 1816. Rio de Janeiro: Tipografia do Jornal do Commercio; Rodrigues & C., 1912.