Nasceu na cidade de Salvador, Bahia, em 4 de março de 1768. Filho de um proprietário rural e negociante natural da província portuguesa do Douro e Minho, cuja família se estabeleceu na Bahia. Entrou para o Mosteiro de São Bento em 1782, onde completou os estudos e recebeu as ordens sacras sem, no entanto, permanecer no ofício. Estudou matemática e graduou-se em teologia e direito em Coimbra. Entre os anos de 1796 e 1801, foi preceptor dos filhos de Rodrigo de Sousa Coutinho, o conde de Linhares, personagem político proeminente, secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos. Iniciou carreira como oficial na Secretaria de Estado da Fazenda, tendo sido nomeado oficial-maior da Secretaria dos Negócios do Reino, instalada no Rio de Janeiro com a vinda da família real para o Brasil. Em 1816 assumiu o posto de secretário da fundação dos estudos da Universidade de Coimbra e, pouco antes do retorno de d. João VI para Portugal, em 1821, foi designado para o Conselho da Fazenda. Com o início da regência de d. Pedro I, participou de comissão encarregada de examinar o Tesouro Público e propor medidas para sanar a administração. Membro da loja maçônica do Apostolado, dirigida por José Bonifácio, foi eleito em 1823 deputado pela província da Bahia à Assembleia Constituinte convocada por d. Pedro. Sucedeu José Bonifácio na Secretaria de Estados dos Negócios do Império e Estrangeiros, quando os irmãos Andrada foram exonerados de seus cargos, em julho de 1823. Foi contra a dissolução da Assembleia Constituinte, ocorrida em 11 de novembro de 1823, e deixou o governo como forma de protesto. Defensor da monarquia e da liberdade dos povos, foi escolhido um dos dez nomes para compor o Conselho de Estado, encarregado de redigir o projeto da Constituição que viria a ser outorgada pelo imperador em 25 de março de 1824. Foi senador pela Bahia (1826), esteve à frente da Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça (1826-1829) e da pasta do Império (1829-1830), retirando-se do cargo por motivo de doença. Em 1831 presidiu a sessão em que d. Pedro apresentou sua abdicação. Foi membro da regência trina provisória, junto do senador Nicolau de Campos Vergueiro e do brigadeiro Francisco de Lima e Silva. À frente da Secretaria de Estado dos Negócios do Império aprovou os estatutos da Sociedade de Medicina, que o nomeou sócio honorário. Recebeu honrarias de outras sociedades científicas como a Academia de Indústria Agrícola manufatureira e Comercial de Paris por ter, do mesmo modo, sancionado seus estatutos. Respeitado por suas qualidades conciliadoras, foi favorável à saída de José Bonifácio da condição do cargo de tutor de d. Pedro II, após a abdicação de seu pai, e votou pela vitaliciedade do Senado, em 1832. Recebeu os títulos de visconde e marquês de Caravelas, condecorado com a insígnia de dignitário das ordens do Cruzeiro, de Cristo, da Coroa de Ferro da Áustria e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Morreu no Rio de Janeiro, em 8 de setembro de 1836.

 

Bibliografia
BARBOSA, Januário da Cunha, Marquês de Caravelas. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo III, 1841, p. 478-484. Disponível em: <https://goo.gl/DEvHJd>.  Acesso em: 17 mar. 2015.

GRINBERG, Keila.“José Joaquim Carneiro de Campos, marquês de Caravelas” In: VAINFAS, R e NEVES, Lúcia Bastos P. (org.) Dicionário do Brasil Joanino 1808-1821. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.

SISSON, S. A. Galeria dos Brasileiros Ilustres. Brasília: Senado Federal, 1999.