Nasceu em [1602], em Cádis, Espanha. De família nobre, era filho de Martim de Sá, bandeirante português, e de d. Maria de Mendoza y Benevides, e neto de Salvador Correia de Sá, que por duas vezes ocupou o cargo de governador-geral do Rio de Janeiro (1568-1571 e 1577-1598). Era ainda primo de Mem de Sá e de Estácio de Sá, fundadores do Rio de Janeiro. Em 1631 casou-se com d. Catalina de Ugarte y Velasco, rica viúva, detentora de grandes latifúndios na região de Tucumã. Teria vindo para o Brasil em [1615], acompanhado do pai e do avô, que regressavam de Portugal e dirigiam-se à capitania de São Paulo em busca de minas na região. Teria ainda estudado no Colégio dos Jesuítas de São Paulo, o que explicaria sua profunda relação com essa congregação religiosa pelo resto da vida. Ingressou no serviço militar e notabilizou-se nas guerras contra os indígenas, em territórios português e espanhol do Rio da Prata. Lutou contra os holandeses que ocupavam Salvador, então capital do Brasil, tendo recebido o cargo vitalício de alcaide-mor do Rio de Janeiro por sua vitória em confronto na costa do Espírito Santo (1625). Designado por Felipe III ‘mestre de campo general’ das tropas coloniais espanholas, combateu os indígenas de Chaco e da província de Tucumã, na região platina (1631). Foi nomeado governador e capitão-mor da capitania do Rio de Janeiro, em 1637, em substituição a Rodrigo de Miranda Henriques, que assumira interinamente o cargo após a morte de Martin de Sá. Afastado do cargo em 1643, em razão de denúncias encaminhadas ao Conselho Ultramarino, regressou a Lisboa para sua defesa e, inocentado, recebeu a patente de general das frotas do Brasil (1643) e foi designado vogal do Conselho Ultramarino (1644). Em 1648 foi nomeado mais uma vez governador e capitão-mor do Rio de Janeiro, mas permaneceu no cargo apenas de janeiro a maio, pois recebera o encargo de organizar uma expedição militar para recuperar Luanda e outros pontos do litoral angolano ocupados pelos holandeses desde 1641. Nomeado governador de Angola derrotou os holandeses e em 1652 retornou a Portugal. Pela terceira vez foi empossado no cargo de governador e capitão-general da Repartição do Sul (1659), divisão governativa que vigorou entre 1658-1662, sediada no Rio de Janeiro, com ampla jurisdição e autonomia. Enfrentou e sufocou o levante dos habitantes do Rio de Janeiro, contra a política fiscal de seu governo, que ficou conhecido como Revolta da Cachaça (1660). Em decorrência desse conflito foi destituído do cargo de governador (1662) e substituído por d. Pedro de Melo. Retornou a Portugal em 1663 e tomou assento no Conselho Ultramarino. Tomou parte das disputas palacianas que afastaram d. Afonso VI e levaram d. Pedro à regência, em 1667. Condenado ao degredo de dez anos na África, acabou por reverter tal decisão, mas foi afastado da Corte e permaneceu recluso no colégio jesuíta de São Roque até recuperar seu cargo no Conselho Ultramarino. Foi condecorado com o grau de cavaleiro da Ordem de São Tiago (1618) e da Ordem de Cristo. Morreu em Portugal, em [1688].
Bibliografia
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