Nasceu no Palácio da Boa Vista, em São Cristóvão, Rio de Janeiro, Brasil, a 2 de dezembro de 1825. Sétimo e último filho de d. Pedro I com sua primeira esposa, a imperatriz d. Leopoldina, o primeiro a nascer no Brasil independente, era o único menino sobrevivente e, portanto, o herdeiro do trono brasileiro. Em 1826, com a morte de sua mãe, d. Leopoldina, ficou sob os cuidados da governanta, d. Mariana Carlota de Verna Magalhães, a futura condessa de Belmonte. Em 7 de abril 1831, numa grave crise política, d. Pedro I abdicou do trono brasileiro em seu favor, partindo com a imperatriz d. Amélia e d. Maria da Glória, para quem reivindicava o trono de Portugal. Foi aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, com o nome de d. Pedro II, sendo eleita uma regência para conduzir o governo até sua maioridade, quando assumiria o trono (1831-1840). Para seu tutor e de suas irmãs – d. Januária, d. Paula e d. Francisca – foi designado José Bonifácio de Andrada e Silva, afastado das funções em 1833, acusado de envolvimento com grupos que advogavam pelo retorno de d. Pedro I, que morreria no ano seguinte em Lisboa. Foi escolhido para seu tutor Manuel Inácio de Andrada Souto Maior Pinto Coelho, futuro marquês de Itanhaém, que ficou encarregado de sua educação sob a supervisão da Câmara dos Deputados. Sua educação obedeceu a uma rígida disciplina, voltada para sua formação como imperador a para manutenção do regime monárquico brasileiro. Seguiu uma rotina de estudo e aulas com professores de excelência, que lhe dotaram uma substancial base intelectual, como Cândido de Araújo Viana, futuro marquês de Sapucaí, frei Pedro de Santa Mariana, Roque Schuch, e Félix Emílio Taunay, o então diretor da Imperial Academia de Belas Artes. Em 23 de julho de 1840 teve sua maioridade antecipada, que ocorreria apenas em 1843, em função do golpe parlamentar promovido pelas forças liberais, que temiam o recuo das conquistas obtidas, marcando o fim da regência e o início de seu reinado. O momento era de grande turbulência política nas diferentes províncias, onde despontavam revoltas como a Farroupilha no Rio Grande do Sul (1835-1845), a Cabanagem no Pará (1835-1840), a Balaiada no Maranhão (1838-1841) e a Sabinada na Bahia (1837-1838). Em 18 de julho de 1841 realizou-se sua sagração e coroação na Capela Imperial, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, em uma cerimônia repleta de simbolismo que reportava a ideia de unidade nacional em torno da imagem mítica do imperador. Em 30 de maio de 1843, aos dezoito anos, casou-se por procuração com a princesa Teresa Cristina Maria de Bourbon, filha de Francisco I, rei das Duas Sicílias. Da união nasceram os príncipes d. Afonso (1845-47), d. Isabel (1846-22), d. Leopoldina (1847-71) e d. Pedro Afonso (1848-50). Teria nutrido, por mais de trinta anos, uma paixão por d. Luiza Margarida Portugal de Barros, a condessa de Barral, preceptora de suas filhas. Ao assumir o trono, teve como principal tarefa ultrapassar as lutas políticas do período regencial, valendo-se do peso político da monarquia, pacificar o país e restabelecer a ordem com o fim das revoltas. Em seus 49 anos de reinado o país foi marcado por importantes eventos, como o fim das revoltas provinciais, o fim do tráfico negreiro (1850), a aprovação da Lei de Terras e do Código Comercial (1850), a expansão do café e o desenvolvimento dos centros urbanos, a imigração, o crescimento do movimento abolicionista, a Guerra do Paraguai (1864-1870), reformas eleitorais (1846, 1855 e 1881), o lançamento do Manifesto Republicano (1870), a aprovação da Lei do ventre Livre (1871) e da Lei dos Sexagenários (1885) e, finalmente, a abolição da escravatura (1888). O desgaste da monarquia, a doença e o afastamento do imperador dos negócios do Estado, a propaganda republicana e a crescente insatisfação do Exército aprofundaram a crise do Segundo Reinado. Em 15 de novembro de 1889 foi instituída a República. No dia seguinte recebeu uma intimação assinada pelo marechal Deodoro da Fonseca que o destronava e bania a família imperial do país. No dia 17 de novembro embarcou para o exílio, chegando a Portugal em 7 de dezembro, tendo sido recebido com honras reais pelo rei de Portugal, seu sobrinho-neto Carlos I. Em 28 de dezembro morreu sua mulher, a imperatriz d. Teresa Cristina. Mudou-se para Paris, onde manteve atividades culturais que apreciava, como leituras e traduções, visitações a museus e academias, reuniões científicas e conferências. Publicou no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro sua Fé de Ofício, documento em que faz o testemunho de seus 49 anos de reinado. Morreu no dia 5 de dezembro de 1891, no Hotel Bedford, em Paris.
Bibliografia:
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