Nasceu em Vila Viçosa, Portugal [c. 1490]. De família nobre, era próximo do rei d. João III, primo de um membro influente do Conselho Real, d. Antônio de Ataíde, conde de Castanheira, e de Tomé de Souza, primeiro governador-geral do Brasil. Em 1516 passou a servir na Corte ao príncipe herdeiro d. João, filho de d. Manuel I. Teve aulas de matemática, cosmografia e geografia com o cosmógrafo-mor Pedro Nunes (1527-1530). No reinado de d. João III, a política da Coroa de expansão marítima passou por uma transformação e o Brasil deixou de ser apenas caminho da rota oriental e fornecedor de pau-brasil, verificando-se o início dos esforços de ocupação permanente da colônia. Em 1530 foi incumbido de comandar a expedição à América portuguesa, composta por cinco navios e cerca de 500 homens, com o compromisso de expulsar os franceses do litoral, explorar o território e estabelecer núcleos de povoamento. Nomeado capitão-mor e governador das terras do Brasil, detinha amplos poderes, como exercer a justiça, nomear funcionários e conceder sesmarias para ocupação e povoamento. Sua missão durou três anos e percorreu o litoral brasileiro, de Pernambuco até a região do Prata, tendo atingido a Baía de Todos os Santos, o Rio de Janeiro, Cananéia e, após um naufrágio, retornou a São Vicente. Enviou expedição exploratória à costa do Maranhão, comandada por Diogo Leite, ao interior do ‘sertão’ em busca de metais, sob as ordens de Pero Lobo Ribeiro e Francisco Chaves, que foi dizimada pelos carijós, e outra chefiada por Pero Lopes de Souza, seu irmão, que explorou o Rio da Prata. Combateu os franceses, fundou as vilas de São Vicente e Piratininga, inaugurando o povoamento sistemático do território, iniciou a cultura da cana-de-açúcar e montou o primeiro engenho. Por solicitação de d. João III, retornou a Portugal em 1533 e foi nomeado capitão-mor da Armada do Reino, servindo na Índia de 1534 a 1539. Também em 1534, com a implantação do sistema de capitanias hereditárias, recebeu as terras de São Vicente e do Rio de Janeiro como recompensa pelos serviços prestados à coroa. Voltou à Índia em 1541 como governador, sendo substituído no cargo por d. João de Castro, em 1545. Em Lisboa atuou como conselheiro de Estado na regência de d. Catarina e do cardeal d. Henrique. Morreu em Lisboa, em 25 de novembro de 1570.


Bibliografia

ABREU, C. de. Capítulos de história colonial. Brasília: Senado Federal, 1998. Coleção Biblioteca Básica Brasileira, volume 65.

GOUVÊA, M. F. S. “Martim Afonso de Souza”. In: VAINFAS, R (dir). Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

PELÚCIA, Alexandra Maria Pinheiro. Martim Afonso de Sousa e a sua Linhagem: A Elite Dirigente do Império Português nos Reinados de D. João III e D. Sebastião. 2007. 430 f. Dissertação (Doutoramento em História – Especialidade em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa) Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Lisboa, 2007.

ZÚQUETE, Afonso E. Martins. “Dom João terceiro e sua descendência”. In: Nobreza de Portugal. Lisboa: Editorial Enciclopédia, 1960, volume I.