Vista do Rio de Janeiro, tomada da Barra, litografia incluída no álbum Brasil pitoresco, publicado em 1835, de Johann Moritz Rugendas (1802-1858).
Vista do Rio de Janeiro, tomada da Barra, litografia incluída no álbum Brasil pitoresco, publicado em 1835, de Johann Moritz Rugendas (1802-1858).

A Repartição Central Meteorológica, subordinada à Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha, foi criada pelo decreto n. 9.916, de 4 de abril de 1888, tendo por atribuição a centralização dos serviços meteorológicos, dos trabalhos magnéticos e dos relativos à física terrestre, visando o estudo e o anúncio do tempo e do magnetismo.

Suas atividades, de acordo com o decreto, consistiam em dar os avisos meteorológicos aos portos e à agricultura, fazer o estudo do movimento da atmosfera, organizar os observatórios e estações meteorológicas e magnéticas, nomear as comissões provinciais e de distritos, assim como publicar seus trabalhos e as pesquisas sobre meteorologia em geral e climatologia; adquirir e examinar todos os trabalhos referentes à meteorologia em geral e ao magnetismo terrestre; publicar as cartas e boletins meteorológicos e divulgar notícias de interesse aos navegantes; preparar as bases dos contratos que o governo determinar para gravura das cartas meteorológica e magnéticas, publicações de boletins e impressão de quaisquer trabalhos da Repartição; examinar todos os instrumentos meteorológicos e magnéticos, antes de comprovados para o uso da Marinha; e organizar a carta meteorológica e magnética do Império, e de sua costa.

As primeiras medições dos eventos atmosféricos no Brasil ocorreram no século XIX, e diversas observações foram realizadas em vários postos meteorológicos pelo país, sobretudo por iniciativa de particulares, em sua maioria, estrangeiros. Nos anos 1830, artigos sobre a climatologia do Rio de Janeiro foram publicados na Revista Médica Carioca. O Observatório Astronômico iniciou a medição meteorológica em 1844, e entre os anos de 1851-1867, o resultado das observações foi publicado em seus Anais Meteorológicos. Em 1871, o astrônomo francês Emmanuel Liais assumiu a direção do órgão, e as análises realizadas durante sua gestão são consideradas o marco da implantação das bases teóricas das ciências atmosféricas no Brasil. A partir de 1884, na direção de Luís Cruls, tornou-se mais frequente a publicação dos dados climatológicos do Rio de Janeiro, com destaque para os trabalhos de Frederico Draenert e de Julius Hann, este considerado como autoridade máxima em sua época (OLIVEIRA, 2009, p. 22-25).

A Marinha também realizou o trabalho de coleta de dados meteorológicos sobre o território brasileiro desde 1862, tanto da zona costeira, quanto das bacias hidrográficas. O conhecimento adquirido e o acervo de dados levantados nessas expedições estimularam a criação da Repartição-Central Meteorológica, que seria composta pelo diretor-geral, três ajudantes, um porteiro e guarda, e um servente, de acordo com o decreto de criação do órgão. O pessoal técnico da repartição seria tirado dentre os oficiais da Armada de 1ª classe, ou dentre os oficiais reformados com aptidão comprovada. Esse ato também determinou que o governo estabeleceria estações no litoral e no interior do país, denominadas semafóricas e meteorológicas (BRASIL, 1888, p. 390-396; Idem, p. 25).

Poucos anos depois, o decreto n. 658, de 7 de novembro de 1891, reuniu as repartições de Faróis, Hidrográfica e Meteorológica da Marinha em uma só, que recebeu o nome de Repartição da Carta Marítima do Brasil.
 

Louise Gabler
28 set. 2016

 
Bibliografia
BRASIL. Decreto n. 9.916, de 4 de abril de 1888. Cria a Repartição-Central Meteorológica e manda executar o Regulamento que deve reger. Coleção de leis do Império do Brasil, Rio de Janeiro, v. 1, parte 2, p. 390-396, 1888.

____. Decreto n. 658, de 7 de novembro de 1891. Reúne em uma só as repartições de Faróis, Hidrografia e Meteorologia, sob a denominação de Repartição da Carta Marítima do Brasil. Coleção das leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, v. 2, parte 2, p. 691-692, 1892.

HOFFBAUER, Daniela; GABLER, Louise. Observatório Astronômico. In: Dicionário Online da Administração Pública Brasileira do Período Imperial (1822-1889). Arquivo Nacional: Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: <https://goo.gl/4Ez8Mk>. Acesso em: 26 ago. 2016.

OLIVEIRA, Fabíola de. INMET: 100 anos de meteorologia no Brasil: 1909-2009. Brasília: INMET, 2009. Disponível em: <https://goo.gl/zLJj6p>. Acesso em: 11 jul. 2016.


Documentos sobre o órgão podem ser encontrados nos seguintes fundos do Arquivo Nacional

BR RJANRIO 22 – Decretos do Executivo – Período Imperial


Referência da imagem
Johann Moritz Rugendas. Voyage pittoresque dans le Brésil. Paris: Engelmann & Cie., 1835. OR_2119_DIV1_PL07