Nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 21 de fevereiro de 1846. Oriundo de uma família tradicional, proprietária de terras, com longa trajetória na elite militar do Exército e da política, era filho do marechal de campo Gaspar Francisco Mena Barreto e de Balbina Carneiro de Fontoura Mena Barreto, e neto de João de Deus Mena Barreto, visconde de São Gabriel. Ingressou na carreira militar em 1861, quando assentou praça no Exército. Participou da Guerra do Uruguai (1864-1865), contra o presidente Atanasio Cruz Aguirre, do Partido Blanco, em defesa de interesses brasileiros na fronteira, sob o comando do marechal João Propício Mena Barreto, tendo combatido no cerco de Paissandu e na capitulação de Montevidéu. Lutou ainda na Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), que reuniu Brasil, Argentina e Uruguai contra as forças paraguaias de Solano López, e participou das campanhas de Passo da Pátria e Curuzu. Foi integrante do Partido Conservador do Rio Grande do Sul, mas aderiu ao ideário republicano, insatisfeito com a orientação da agremiação política. Filiou-se ao Partido Republicano Rio-Grandense, fundado em 1882, e tornou-se um importante propagandista das causas republicana e federalista, como muitos de sua geração. Transferido para o Rio de Janeiro pouco antes da Proclamação da República, por interferência do presidente daquela província, Gaspar Silveira Martins, assumiu o comando do Regimento de Cavalaria Policial do Distrito Federal (1890), mas foi deslocado para o comando do 4º Regimento de Cavalaria Ligeira, em Itaqui, Rio Grande do Sul (1891). Foi eleito para a Assembleia Constituinte federal (1890-1891), assumindo ainda a legislatura regular (1891-1893), tendo se dedicado às questões militares. Apoiou Deodoro da Fonseca durante seu conturbado mandato presidencial (1889-1891) posicionando-se favorável ao golpe de 3 de novembro, articulado pelo ministro Henrique Pereira de Lucena, que fechou o Congresso Nacional e instaurou o estado de sítio. Fez oposição ao marechal Floriano Peixoto (1891-1894), que assumiu após a renúncia de Deodoro da Fonseca, e foi um dos signatários do “Manifesto dos 13 generais”, que questionava a legalidade do governo e pedia a convocação de nova eleição. Em 10 de abril de 1892, foi um dos presos e banidos para Cucuí, no alto Amazonas, além de reformado pelo Exército. Recebeu anistia em agosto do mesmo ano, reassumindo o mandato de deputado federal. Foi nomeado, pelo presidente do Rio Grande do Sul Júlio de Castilhos, comandante da reserva da Brigada Militar e das forças civis, no combate à Revolução Federalista (1893-1895). Nesse levante, que atingiu os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, confrontaram-se federalistas, os chamados gasparistas ou maragatos, e republicanos, denominados castilhistas ou pica-paus. Em 1902, foi preso na fortaleza de Santa Cruz, Rio de Janeiro, acusado de oposição ao governador do Paraná. Transferido para Mato Grosso, solicitou reforma em novembro de 1903, revertida ao trabalho ativo em 1907. Em 1910, assumiu o posto de comandante do 4º Distrito Militar, localizado no Rio de Janeiro, logo após sua promoção a general de divisão. Recebeu convite do presidente Hermes da Fonseca (1910-1914) para o cargo de ministro da Guerra, em que teve uma curta gestão (1911-1912), na qual foi criado o Colégio Militar de Porto Alegre. Reformou-se e abandonou a vida pública. Por sua atuação recebeu a medalha comemorativa da Guerra do Paraguai e foi agraciado com as condecorações das ordens de Cristo e da Rosa. Morreu no Rio de Janeiro, em 4 de junho de 1914.

Daniela Hoffbauer
Jun. 2022

Bibliografia

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