Nasceu em Goiás, província de Goiás, em 28 de setembro de 1856. De família de prestígio na política local, era filho de Inácio Soares de Bulhões e de Antônia Emília de Bulhões Jardim. Seu avô materno, José Rodrigues Jardim, era militar, membro da primeira junta governativa provisória de Goiás (1822) e do conselho administrativo (1824), presidente da província (1831-1837) e senador do Império (1837-1842). Iniciou seus estudos em sua cidade natal, realizando curso superior na Faculdade de Direito de São Paulo, concluído em 1880. Formado, retornou para Goiás e filiou-se ao Partido Liberal, ingressando na política ao eleger-se deputado geral para a legislatura 1882-1884. Liberal, sua trajetória política foi marcada pela defesa do federalismo e da abolição da escravatura, tendo apresentado projeto pelo fim da escravidão em 1883, em favor da liberdade de culto e do casamento civil. Em 1884, fundou, ao lado de seu irmão Antônio Félix de Bulhões Jardim, o jornal Goiás, veículo de difusão do ideário liberal. Sua família esteve associada a outros periódicos no período imperial, como Monitor Goiano (1866), Província de Goiás (1869), Aurora (1873), A Tribuna Livre (1878), O Libertador (1885) e Asilo da Razão (1888). Fundou o Clube Liberal, que reunia a oposição a Antero Cícero de Assis, que governou a província entre 1871 e 1878, e participou da estruturação dos partidos políticos em Goiás, tendo sido um dos fundadores do Partido Republicano. Após a Proclamação da República, em novembro de 1889, foi eleito deputado geral para a Assembleia Nacional Constituinte (1890-1891) e a legislatura ordinária (1891-1893). Integrou a chamada Comissão dos 21, constituída para dar parecer sobre a Constituição provisória, composta por um representante de cada estado e que teve por relator Júlio de Castilho. Nesse período, exerceu cumulativamente o mandato de deputado estadual e participou da elaboração da Constituição de seu estado. Eleito presidente de Goiás em 1892, optou por manter-se na Câmara dos Deputados, assumindo em seu lugar Antônio José Caiado. Em 1893, foi eleito senador por Goiás, reelegendo-se para as legislaturas 1894-1896, 1897-1899, 1900-1902, e pelo estado de Alagoas, 1909-1909, 1912-1915, 1915-1917. No Senado, foi relator na Comissão de Finanças e da lei orgânica do Tribunal de Contas da União, e presidiu a Comissão Revisora das Tarifas (1897). Apoiou o governo de Campos Sales (1898-1902), de quem foi líder do governo no Senado, e a candidatura à presidência da República do seu sucessor, o paulista Rodrigues Alves (1902-1906). Nesse governo, foi nomeado ministro da Fazenda, manteve a política de austeridade econômica do governo anterior, reviu o regimento que regulou o funcionamento das companhias de seguros, nacionais e estrangeiras, aprovado pelo ex-ministro da Fazenda Joaquim Duarte Murtinho, transformou a Superintendência Geral de Seguros em Inspetoria de Seguros, e o Banco da República do Brasil no Banco do Brasil, aprovando seus estatutos. Foi diretor do Banco do Brasil (1907-1908) e assumiu mais uma vez o Ministério da Fazenda, no governo de Nilo Peçanha (1910-1911). À frente da pasta promoveu uma grande reforma do ministério por meio da lei ordinária n. 2.083, de 30 de julho de 1909, regulou o serviço de fiscalização do governo junto às companhias de seguros estrangeiras, por meio da Inspetoria de Seguros, e aprovou estatutos para o Banco do Brasil. Em 1909, liderou a chamada Revolução de Maio, com o apoio de lideranças pecuaristas, que derrubou o grupo político de José Xavier de Almeida, ex-presidente do estado, e impediu a posse de Hermenegildo Lopes de Morais no governo, assumindo Urbano de Gouveia. Transferiu-se para Petrópolis, onde foi presidente do Conselho Municipal da cidade por curto período, de fevereiro a maio de 1917. Dirigiu o Comissariado Geral da Alimentação Pública (1918), tendo atuado ainda na iniciativa privada como diretor da Cia. América Fabril, presidente da S.A. White Martins, diretor-presidente da Cia. Nacional Nova América, diretor da Empresa de Melhoramentos da Baixada Fluminense. Escreveu em vários periódicos, como Jornal do Brasil, O Imparcial, A Rua e A Época, e foi sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1905). Publicou os trabalhos A conversão do papel-moeda (1892) e Meio circulante e abolição dos escravos (1893). Morreu em 15 de dezembro de 1928, em Petrópolis.

                                                                                                                                          Daniela Hoffbauer
Ago. 2022

 

Bibliografia

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