Nasceu no município de Capivari, atual Silva Jardim, na província do Rio de Janeiro, em 18 de agosto de 1860. Era filho de Gabriel da Silva Jardim, pequeno lavrador e professor primário, e de Felismina Leopoldina de Mendonça. Começou os estudos primários na escola que seu pai mantinha em sua residência, tendo concluído este segmento na escola pública da vila de Capivari. Em 1873, transferiu-se para Niterói, então capital da província, onde cursou o colégio Silva Pontes. Fechada a escola no ano seguinte, transferiu-se para o Rio de Janeiro para estudar no colégio São Bento, onde realizou os estudos preparatórios. Por dificuldades financeiras de sua família para mantê-lo na cidade, transferiu-se para o externato Jasper, onde também foi professor. Em 1878, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde passou a integrar o Clube Republicano Acadêmico e colaborar no jornal acadêmico Direito e Letras. Atuou como professor, no curso anexo à Escola Normal de São Paulo, onde aplicou o método de alfabetização do poeta português João de Deus, do qual se tornaria divulgador. Aderiu ao ideário republicano após sua aproximação com o positivismo, tendo participado da fundação do primeiro centro positivista de São Paulo, em 1881. Concluiu o curso de direito em 1882, e no ano seguinte foi aprovado em concurso para a cadeira de português da Escola Normal. Em 1884, fundou, ao lado do educador João Köpke, a escola Neutralidade, voltada para o ensino primário laico, onde lecionaram nomes como Caetano de Campos e Rangel Pestana. Em 1886, transferiu-se mais uma vez para a cidade de Santos, onde fundou a escola José Bonifácio, estabelecimento de ensino primário e secundário, e montou um escritório de advocacia. Atuante na campanha abolicionista, foi membro de sociedades secretas como a maçonaria, participando de diversas ações pela libertação de escravizados. Em Santos, foi um dos fundadores do Clube Republicano, em 1887, e realizou o primeiro comício republicano do país, em 1888, em apoio aos vereadores da Câmara Municipal de São Borja, ameaçados de destituição do cargo ao proporem um plebiscito sobre a implantação da República no caso de morte de d. Pedro II. Propagandista ardoroso da causa republicana, afastou-se de suas atividades profissionais para realizar conferências e discursos em diversas cidades do país, considerados, por muitos de seus companheiros republicanos, radicais e violentos, por advogarem pela implantação da república por meio revolucionário, com ampla participação popular. Foi um dos fundadores do Partido Republicano da Província do Rio de Janeiro, criado em 1888, do qual foi presidente da comissão executiva e autor do manifesto de fundação. Em virtude da crescente violência nos atos em que discursava em favor da república, sofreu críticas da direção nacional. Apesar de ser um republicano histórico, não foi indicado para compor nenhum dos ministérios, mas apenas para presidir a comissão encarregada de elaborar o Estatuto Eleitoral para eleição ao Congresso Nacional Constituinte, a ser instalada em 15 de novembro de 1890. Candidatou-se às eleições para deputado constituinte (1890-1891) pelo Distrito Federal, mas foi derrotado. Afastou-se da vida política e partiu em viagem para a Europa, em outubro de 1890. Iniciou no jornalismo no periódico estudantil Labarum Literário, editado pelos alunos do colégio São Bento, ao lado de Clóvis Beviláqua, importante jurista brasileiro, tendo colaborado ainda no jornal acadêmico Direito e Letras. Foi jornalista, redator e revisor em diversos jornais, como A Comédia, Tribuna Liberal, A República, O País, Novidades, Gazeta de Notícias, além de ter fundado o diário Comédia, ao lado de Valentim de Magalhães. Deixou uma vasta obra, entre artigos de jornais, conferências, discursos, folhetos, manifestos e livros. Entre elas destacam-se Ideias de moço, (1878), O general Osório (1879), Gente do mosteiro (1879), Crítica escada abaixo (1880), Reforma do ensino da língua materna (1884), A república no Brasil: compêndio de teorias e apreciações políticas destinado a propaganda republicana (1888), A república no Brasil (1889), Pela república e contra a monarquia: conferências populares (1889), Carta política ao país e ao partido republicano (1889) e Pela república e contra a monarquia: conferências populares (1889). Morreu na cidade italiana de Nápoles, em queda numa fenda do vulcão Vesúvio, em 1º de julho de 1891.
Daniela Hoffbauer
Abr. 2023
Bibliografia
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MORTATTI, Maria do Rosário L. João Köpke (1852-1926) na história do ensino de leitura e escrita no Brasil. In: MORTATTI, Maria do Rosário L. et al. (org.). Sujeitos da história do ensino de leitura e escrita no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2015. p. 59-75. Disponível em: https://shre.ink/n1HO. Acesso em: 31 mai. 2023.
SILVA JARDIM (Antônio da Silva Jardim). In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012.