Nasceu em Tauá, na província do Ceará, em 23 de março de 1861. De origem humilde, realizou os estudos iniciais nesse estado, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Escola Politécnica e formou-se engenheiro civil em 1885. No ano seguinte, obteve o título de doutor em ciências físicas e matemáticas. Iniciou-se profissionalmente como engenheiro na construção e prolongamento da estrada de ferro Baturité, a primeira ferrovia do Ceará. Participou da deposição do presidente do estado, José Clarindo de Queirós, apoiador do golpe de 3 de novembro que fechou o Congresso Nacional e instaurou o estado de sítio, levando à renúncia do presidente Deodoro da Fonseca (1889-1891). Em 1893, foi nomeado, pelo presidente Floriano Peixoto (1891-1894), ministro das Relações Exteriores, tendo assumido ainda interinamente, por curtíssimo período, o Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Em sua gestão no Ministério das Relações Exteriores, negociou a intervenção dos governos da Inglaterra, EUA, França, Itália e Portugal na Revolta da Armada (1893-1894), o que resultou na assinatura do acordo de 5 de outubro de 1893, entre os revoltosos e o governo federal, que tornou o Rio de Janeiro cidade aberta, protegida de bombardeios. Após quatro meses, exonerou-se do ministério, sendo substituído por Alexandre Cassiano do Nascimento e se mantendo à frente da pasta da Indústria, Viação e Obras Públicas. Em 1894, deixou também esta pasta, assumindo o cargo o marechal Bibiano Sérgio Macedo da Fontoura Costallat. Exerceu ainda as funções de inspetor de Obras Públicas do Rio de Janeiro, diretor da Repartição Central dos Telégrafos (1897), professor da Escola Politécnica do Rio de Janeiro (1898) e diretor da Repartição de Águas, Esgotos e Obras Públicas (1910). Foi prefeito do Rio de Janeiro (1900-1901), então Distrito Federal, no governo do presidente Campos Sales (1898-1902). Sua gestão foi marcada pela recuperação das finanças da cidade, conforme o ajuste financeiro promovido por Campos Sales, em que empreendeu medidas duras como a demissão de funcionários e a paralisação de obras, tendo enfrentado revolta popular pelo aumento da passagem do transporte da Companhia São Cristóvão (1901). Foi eleito presidente do Clube de Engenharia (1935-1940). Escreveu o prefácio do livro A diplomacia do marechal, a intervenção estrangeira da Revolta da Armada, de Sérgio Correia da Costa, em 1945. Morreu no Rio de Janeiro, em 15 de maio de 1950.
Daniela Hoffbauer
Mar. 2024
Bibliografia
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 13. ed. São Paulo: Edusp, 2010.
MINISTÉRIO da Indústria, Viação e Obras Públicas. In: DICIONÁRIO da Administração Pública Brasileira da Primeira República (1889-1930), 2019. Disponível em: https://acesse.one/NlfzK. Acesso em: 15 mar. 2024.
PERDE o país uma figura ilustre. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, n. 17.534, 16 maio 1950, 1ª Seção, p. 3. Disponível em: https://shre.ink/DYPe. Acesso em: 3 jun. 2024.
PEREIRA, João Filipe. In: ABREU, Alzira Alves de (coord.). Dicionário histórico-biográfico da Primeira república (1889-1930). Rio de Janeiro: Editora FGV. Disponível em: https://shre.ink/8PAv. Acesso em: 4 mar. 2024.
REPARTIÇÃO-geral dos Telégrafos. In: DICIONÁRIO da Administração Pública Brasileira da Primeira República (1889-1930), 2019. Disponível em: https://l1nk.dev/15CTU. Acesso em: 15 mar. 2024.