Nasceu em Campinas, província de São Paulo, em 15 de agosto de 1846. Era filho de Antônio Benedito de Cerqueira Leite, descendente das tradicionais famílias paulistas com origem bandeirante, os Garcia Velho e os Silva Leme, e de Maria Zelinda da Conceição Cerqueira, ex-escravizada. Iniciou seus estudos em Campinas, na escola do professor Quirino do Amaral Campos, transferindo-se para São Paulo onde cursou o secundário no Seminário Episcopal. Fez os estudos preparatórios no curso anexo da Faculdade de Direito de São Paulo, mas não prosseguiu, em virtude das dificuldades financeiras decorrentes da morte de seu pai, em 1861. Retornou a Campinas, onde trabalhou como tipógrafo, até ser convidado pelo abolicionista e republicano Francisco de Paula Sales, pai do futuro presidente Manuel Ferraz de Campos Sales, para ser preceptor de seus filhos menores, na fazenda Santo Inácio, em São João do Rio Claro. Retornou a Campinas e trabalhou como copista de cartório, e mais tarde como auxiliar no escritório de advocacia de seu irmão Jorge Miranda de Cerqueira Leite e do cunhado Antônio Benedito de Cerqueira César. Em 1867, obteve o título de advogado provisionado, abrindo escritório próprio em 1871. Como comum à sua geração, ingressou na Loja Maçônica Independência de Campinas. No ano seguinte filiou-se à organização abolicionista Clube Radical, que daria origem ao Partido Republicano Paulista, ao lado de nomes do cenário político paulista como Luís Gama, Américo e Bernardino de Campos, Prudente de Morais, Campos Sales, Martinho Prado Júnior. Atuou como jornalista do periódico Radical Paulistano, veículo oficial do Clube Radical, criado em 1869, além  de outros periódicos como o Correio Paulistano, a Gazeta de Campinas, o Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, e participou da fundação do jornal A Província de São Paulo, em 1875. Em 1873, participou da Convenção de Itu, a primeira de caráter republicano, quando foi fundado o Partido Republicano Paulista (PRP), e assinou o Manifesto de Itu, que elencava os temas importantes desse movimento. Participou da fundação do Diretório Republicano de Campinas, e da formação de novos clubes republicanos em diversas cidades do interior.  Em 1881, deu início a sua carreira legislativa como vereador à Câmara Municipal de Campinas, exercendo ainda os cargos de deputado federal constituinte (1890-1891), deputado federal (1891-1893,  1894-1896, 1897-1899) e senador (1902-1902, 1903-1905, 1906-1908, 1909-1911, 1912-1915, 1915-1916). Participou da articulação política que derrubou a monarquia e proclamou a República,  em 15 de novembro de 1889, que reuniu civis e militares na residência do marechal Deodoro da Fonseca, como Aristides Lobo, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Benjamin Constant. Em 1890, foi nomeado primeiro vice-governador de São Paulo, ao lado de Luís Pereira Barreto, no governo de Prudente de Morais. Nesse ano, foi integrado ao Governo Provisório como titular da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, e interinamente a Secretaria de Estado da Justiça. Em virtude das divergências políticas entre o presidente Deodoro e seu ministério, acompanhou a renúncia coletiva dos ministros Rui Barbosa, Campos Sales, Eduardo Wandenkolk, Quintino Bocaiúva e José Cesário de Faria Alvim, em 1891. Em 1893, esteve à frente da fundação do Partido Republicano Federal, de âmbito nacional, ao lado de Aristides Lobo, contando com a participação de Saldanha Marinho, Lauro Sodré, Quintino Bocaiúva, Prudente de Morais, Manuel Vitorino e Júlio Mesquita. Ainda em 1893, manifestou apoio ao presidente Floriano Peixoto, no contexto da Revolta da Armada, rebelião contra o governo federal sob liderança do contra-almirante Custódio José de Melo. À frente do PRF, apoiou a candidatura de Prudente de Morais (1894-1898) para a presidência da República, mas romperiam em virtude da diferença de posição frente à revolta da Escola Militar da Praia Vermelha, em 1897. Foi  acusado de cúmplice do atentado contra o presidente, perpetrado por um soldado combatente em Canudos e que resultou na morte do ministro da Guerra, Carlos Machado de Bittencourt, em 5 de novembro de 1897. Apoiou o nome de Lauro Sodré, em oposição ao de Campos Sales, na disputa para a presidência da República (1898-1902). Eleito deputado federal (1900-1902), teve sua posse impedida pela Comissão de Verificação de Poderes da Câmara dos Deputados, afastando-se da política. Retornou ao Senado Federal somente em 1902, reeleito para as legislaturas seguintes. Em 1915, assumiu presidência da comissão diretora central do PRP. Recebeu do presidente Deodoro da Fonseca o título de general de brigada do Exército brasileiro pelos serviços prestados ao país, ficando conhecido por esta designação. Participou da criação do Colégio Culto à Ciência, escola particular de influência positivista voltada para meninos, ao lado de Campos Sales e vários integrantes  da Loja Maçônica Independência (1873). Morreu no Rio de Janeiro, em 12 de abril de 1916.

Daniela Hoffbauer
Jun. 23

 

Bibliografia

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GLICÉRIO, Francisco. In: ABREU, Alzira Alves de. Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930). Disponível em: https://rb.gy/mz0mh.  Acesso em: 13 jun. 2023.

GLICÉRIO, Francisco. In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012. p. 551-2.

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