Nasceu em 27 de agosto de 1886, em Salvador. Era filho Francisco Cavalcanti Mangabeira, farmacêutico, e de Augusta Cavalcanti Mangabeira, e irmão de João Mangabeira deputado federal pela Bahia em várias legislaturas e candidato nas eleições presidenciais de 1950, vencidas por Getúlio Vargas. Iniciou os estudos em sua cidade natal, ingressando, em 1900, no curso de engenharia da Escola Politécnica da Bahia. Nesse período, escreveu para vários jornais baianos, como Diário de Notícias, Gazeta do Povo e O Democrata. Após concluir os cursos de engenharia civil e de ciências físicas e matemáticas, passou a dar aulas na Escola Politécnica e foi nomeado engenheiro da Comissão Fiscal do Porto da Bahia e engenheiro fiscal da companhia canadense Light and Power. Em 1907 foi eleito vereador de Salvador pelo Partido Republicano da Bahia (PRB). Ao lado de José Joaquim Seabra, chefe político local e ex-ministro da Justiça e Negócios Interiores (1902-1906), apoiou a chapa Hermes da Fonseca-Venceslau Brás para as eleições presidenciais de 1909, atuando contra a campanha civilista, que tinha o político baiano Rui Barbosa como candidato. Aderiu ao Partido Republicano Democrata (PRD), criado por Seabra, pelo qual foi eleito deputado federal pela Bahia em 1911, 1915 e 1918. Em razão de divergências políticas, em 1919 passou para a oposição, atuando ao lado do seu irmão, João Mangabeira, no PRB. Em 1923, integrou, junto com Pedro Lago, Vital Soares e João Mangabeira, a aliança dos políticos baianos denominada Concentração Republicana da Bahia (CRB), a fim de quebrar a hegemonia de José Joaquim Seabra na política regional, o que resultou na eleição de Francisco Marques de Góis Calmon para o governo do estado, com o apoio do presidente da República, Artur Bernardes, que decretou o estado de sítio na Bahia em março de 1924, para garantir sua posse. Afastou-se do mandato parlamentar para assumir a pasta das Relações Exteriores no governo de Washington Luís. Durante sua gestão (1926-1930), promoveu ações de demarcação das fronteiras brasileiras com os países vizinhos, e representou o país em conferências internacionais. Também foi responsável pela criação dos Serviços Econômicos e Comerciais, destinado à manutenção de um serviço de informações voltado para a organização de dados de interesse para o comércio, imigração e crédito externo; de um arquivo com os acordos comerciais vigentes e estatísticas do comércio exterior, entre outras atividades. Em 1927, participou da criação do novo Partido Republicano da Bahia, que reuniu diferentes forças políticas locais, marcando o declínio da influência de Seabra no estado. Apoiou a candidatura de Júlio Prestes-Vital Soares, ficando do lado contrário de seu irmão, que aderira à Aliança Liberal. Fez oposição a Getúlio Vargas, candidato derrotado nas eleições presidenciais, que assumiu o poder após um golpe que depôs o presidente Washington Luís, conhecido como ‘Revolução de 1930’. Em decorrência disso, foi preso em novembro de 1930, partindo para o exílio na Europa semanas depois. Regressou ao país em 1934, após a anistia concedida pela nova Constituição. Naquele ano, foi eleito deputado federal pela Liga de Ação Social e Política (LASP) da Bahia. Participou da organização da União Democrática Brasileira (UDB), partido criado em 1937 para viabilizar a candidatura Armando Sales de Oliveira à Presidência da República. Com a permanência de Vargas no poder, por meio de um golpe de Estado que, sob pretexto de ameaça comunista, inaugurou a fase mais autoritária do seu governo, o Estado Novo, aproximou-se de outros grupos de oposição. Apoiou, junto com diversos políticos liberais, a tentativa de golpe promovida pela Ação Integralista Brasileira (AIB), que ficou conhecida como ‘Levante Integralista’. Foi preso mais uma vez em 1938 e obteve um habeas-corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), partindo para um novo período de exílio. Retornou ao Brasil em 1945, após a decretação da anistia pelo decreto-lei n. 7.474, de 18 de abril, passando a integrar a União Democrática Nacional (UDN), partido de oposição a Vargas, do qual foi o primeiro presidente. Naquele ano, foi eleito deputado, tendo participado como vice-presidente da mesa diretora da Assembleia Constituinte de 1946, que elaborou uma nova Constituição para o país. No ano seguinte, foi eleito governador da Bahia, permanecendo no cargo até o final do mandato, em 1951. Em 1954, foi eleito deputado federal pelo Partido Libertador (PL), e, em 1958, senador pelo estado da Bahia. Foi membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e escreveu Halley e o cometa de seu nome (1910), Voto de saudade (1924), As últimas horas da legalidade (1930), entre outros trabalhos. Morreu no Rio de Janeiro, em 29 de novembro de 1960.

 

Angélica Ricci Camargo
Set. 2024

Bibliografia

AMBROSINI, Diego Rafael. A democracia em debate: juristas baianos e a resistência ao regime varguista (1930-1945). Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 31, n. 63, p. 27-48, janeiro-abril 2018. Disponível em: https://shre.ink/gw41. Acesso em: 16 set. 2024.

BATISTA, Eliana Evangelista; SILVA, Paulo Santos. Nas malhas da Revolução: Otávio Mangabeira e a oposição ao movimento de 1930. In: CARDOSO, Antônio Dimas; PEREIRA, Laurindo Mekie Pereira (orgs.). Intelectuais e a modernização no Brasil: os caminhos da Revolução de 1930. Montes Claros: Editora Unimontes, 2020.

CARONE, Edgar. A luta contra o Estado Novo. Perspectivas: Revista de Ciências Sociais. Araraquara, v. 2, n. 2, p. 97-112, 1977. Disponível em: https://shre.ink/gwYK. Acesso em: 16 set. 2024.

MOURELLE, Thiago Cavaliere. Guerra ao poder: a Câmara dos Deputados confronta Vargas (1934-1935). Tese. (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, 2015. Disponível em: https://shre.ink/gwYN.  Acesso em: 16 set. 2024.

OCTAVIO Mangabeira (biografia). In: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Disponível em: https://shre.ink/gw4Z. Acesso em: 16 set. 2024.

OTÁVIO Mangabeira. In: DICIONÁRIO Histórico-Biográfico da Primeira República (1889-1930). Disponível em: https://shre.ink/gw4h.  Acesso em: 16 set. 2024.

OTÁVIO Mangabeira. In: PORTAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. Disponível em: https://shre.ink/gw48. Acesso em: 16 set. 2024.

OTÁVIO Mangabeira. In: SENADO FEDERAL. Disponível em: https://shre.ink/gw4F. Acesso em: 16 set. 2024.

QUADROS, Consuelo Novais Soares de. Os partidos políticos da Bahia na Primeira República. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1973. Disponível em: https://bit.ly/3lqn9MQ. Acesso em: 16 set. 2024.

VIANA FILHO, Luiz. Octávio Mangabeira: um homem na tempestade. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1986.