Nasceu em São Paulo, em [17 de agosto] de 1784. Foi deixado na porta da casa do padre Fernando Lopes de Camargo, que o acolheu e batizou. Seria filho ilegítimo da solteira Maria Joaquina Soares de Camargo e, segundo alguns biógrafos, do cônego da Diocese de São Paulo, Manuel da Cruz Lima. Ingressou na carreira eclesiástica em 1804, como subdiácono, período em que viveu em Campinas, ministrando aulas de primeiras letras e francês. Em 1808 ordenou-se diácono e obteve o lugar de escrivão juramentado da Câmara Eclesiástica e, em 1809, recebeu as ordens de presbítero. Ainda este ano recebeu uma pequena herança pela morte de sua avó, d. Marta de Camargo Lima, e adquiriu uma chácara e escravos, dedicando-se ao cultivo de açúcar. Em 1818 deixa sua fazenda aos cuidados de um amigo e se transfere para Itu, onde passa a integrar o corpo docente do Colégio dos Padres do Patrocínio, ensinando latim, retórica e filosofia. Ingressou na vida política ao ser eleito deputado junto às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa pela província de São Paulo, em 1821. Em Lisboa defendeu a independência do Brasil e recusou-se a jurar a Constituição portuguesa, tendo fugido para a Inglaterra em 6 de outubro de 1822, ao lado de Antônio Carlos de Andrada e Silva, Antônio Manuel da Silva Bueno, José Ricardo da Costa Aguiar, Francisco Agostinho Gomes e Cipriano José Barata e José Lino Coutinho, signatários do manifesto de Falmouth. Retornou ao Brasil em dezembro de 1822, entrando em confronto com o ministro José Bonifácio de Andrada e Silva, retirando-se em sua chácara, em Itu. Participou da primeira Assembleia Geral Legislativa em 1827, como deputado, e defendeu a abolição do celibato clerical, proposta pelo deputado baiano Ferreira Viana. Foi reeleito deputado para a legislatura 1830-1833. Com a abdicação de d Pedro I (1831) foi o primeiro secretário nomeado para a Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça no período regencial e, tendo por prioridade a repressão aos distúrbios da ordem pública, cria a Guarda Nacional. Renunciou à pasta da Justiça em 1832, após o Senado recusar a destituição de José Bonifácio do cargo de tutor de d. Pedro II, sob a acusação de envolvimento com o movimento restauradores, que defendia o retorno de d. Pedro I. Em 1833 foi eleito senador pela província do Rio de Janeiro, tendo apresentado projetos sobre a organização dos governos provinciais e atribuições dos presidentes de província, bem como a reforma do Código de Processo Criminal. Foi eleito regente do Império (1835), após a transformação da Regência Trina em Una pelo Ato Adicional (1834). Renunciou ao cargo de regente em 1837, num quadro de crise política, marcado por revoltas provinciais, oposição crescente aos liberais e o avanço conservador. Afastou-se da vida pública, permanecendo em seu sítio em Campinas até 1839, quando reassumiu sua cadeira e foi eleito presidente do Senado. Participou das revoltas liberais de 1842, que agitaram São Paulo e Minas Gerais, tendo sido preso e desterrado para Vitória. Em 1843, com a saúde bastante debilitada, recebeu autorização para retornar para São Paulo. Deixou obras de conteúdo linguístico, filosófico e político, tendo colaborado nos periódicos O justiceiro (São Paulo, 1834-35) e O paulista (Sorocaba, 1842), os quais fundou ao lado do padre Miguel Archanjo Ribeiro de Castro Camargo. Morreu em São Paulo, em 10 de novembro de 1843.
Bibliografia
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ENGEL, Magali Gouveia. Diogo Antônio Feijó. In: VAINFAS, Ronaldo (dir). Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro. Editora Objetiva. 2002.
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