Nasceu em Ouro Preto, então capital da província de Minas Gerais, em 21 de fevereiro de 1837. Filho de Maria Magdalena de Figueiredo Affonso, de tradicional família ouro-pretense, e de João Antônio Affonso, português naturalizado brasileiro que muito jovem veio para o Brasil, onde fez carreira comercial, tendo sido chefe de polícia em Ouro Preto e capitão da Guarda Nacional. Iniciou seus estudos em sua cidade, tendo feito o preparatório para o curso jurídico no Liceu Mineiro de Ouro Preto. Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo (1854-1858), tendo sido contemporâneo de nomes como Antônio Ferreira Viana, Paulino José Soares de Sousa, Evaristo da Veiga, Antônio Joaquim de Macedo Soares Bastos e Quintino Bocaiúva. Durante o curso de direito trabalhou como chefe de gabinete do presidente da província de São Paulo, Francisco Diogo de Vasconcelos (1856), irmão de Bernardo Pereira de Vasconcelos, tendo sido mantido no cargo pelo sucessor José Joaquim Fernandes Torres (1857). Já formado, retornou a Minas Gerais, onde assumiu cargos na administração, tendo sido secretário da Polícia, inspetor da Tesouraria Provincial, procurador fiscal da Tesouraria-Geral e juiz de paz. Foi eleito deputado geral pela província de Minas Gerais para a legislatura 1864-1866 e reeleito para os períodos 1867-1868, 1876-1877 e 1878-1879. Liberal e abolicionista, teve atuação destacada na Câmara dos Deputados, que o fez ganhar projeção entre os líderes do Partido Liberal. Em 1866, durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), foi nomeado para o cargo de secretário de Estado dos Negócios da Marinha por Zacarias de Góis e Vasconcelos, da Liga Progressista, secretário de Estado da Justiça e presidente do Conselho de Ministros, não concluindo seu primeiro mandato. Com a queda do gabinete de Zacarias de Góis e Vasconcelos (1864), afastou-se da política e voltou a advogar, tendo dirigido ainda o jornal A Reforma, fundado pelos integrantes do Centro Liberal. Com a volta ao poder dos liberais e a formação do gabinete presidido por João Lins Vieira Casansão de Sinimbu (1878-1880), concorreu a uma vaga no Senado, tendo sido escolhido pelo imperador em lista tríplice (1879-1889). Foi nomeado secretário de Estado dos Negócios da Fazenda (1879-1880), cargo que voltaria a ocupar em 1889, Nesse ano assumiu a presidência do Conselho de Ministros, já durante a grave crise política que derrubaria a monarquia no Brasil, tendo sido seu último ocupante. Monarquista, por ocasião da proclamação da República foi preso e exilado na Europa ao lado do irmão, conselheiro Carlos Afonso de Assis Figueiredo e de Gaspar Silveira Martins, retornando ao Brasil somente após a promulgação da Constituição, em 1891. Afastou-se momentaneamente da política e, em 1894, fundou o Partido Monarquista, de combate à República e pela restauração da monarquia, ao lado de nomes como João Alfredo Corrêa de Oliveira, Lafaiete Rodrigues Pereira, Domingos de Andrade Figueira e Carlos Afonso de Assis. A forte instabilidade política e a ebulição político-social no início do primeiro governo civil da República levariam ao enfrentamento de monarquistas restauradores e jacobinos, dois grupos políticos rivais, o que resultou no assassinato do coronel Gentil José de Castro, proprietário dos jornais monarquistas Liberdade e Gazeta da Tarde. Em abril de 1897 exilou-se voluntariamente em Portugal, retornando ao Brasil seis meses depois. Participou do balanço da República, em 1899, na publicação Década Republicana, ao lado de outros monarquistas, em que realizou a análise sobre os temas da Marinha e Finanças. Foi agraciado com o título de visconde de Ouro Preto pelo imperador d. Pedro II em 13 de junho de 1888. Foi eleito sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), em 1900, e honorário, em 1903, e vice-presidente, em 1905. Publicou uma vasta obra, entre seus livros podemos destacar As finanças do Império (1876), As finanças da regeneração (1877), A Esquadra e a Oposição Parlamentar, Assessor Moderno, Algumas Ideias sobre Instrução, Reforma Administrativa e Municipal, Reforma das Faculdades de Direito, Advento da Ditadura Militar no Brasil e O Visconde de Ouro Preto aos seus Concidadãos. Morreu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 21 de fevereiro de 1912.

Dilma Cabral
Mar. 2020

 

Bibliografia

ADVÍNCULA-MIGUEL, Nárllen Dayane. Discurso e representações da Memória no Manifesto O Visconde de Ouro Preto aos seus concidadãos, do Visconde de Ouro Preto (1891). 162 f. 2014. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal de Ouro Preto, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Departamento de Letras, 2014.

BLAKE, Augusto Vitorino Alves Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1883. Disponível em: https://shre.ink/DWRz. Acesso em: 13 abr. 2020. 

GOMES, Amanda Muzzi. Monarquistas restauradores e jacobinos: ativismo político. Estud. hist. (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 21, n. 42, p. 284-302, Dez. 2008. Disponível em: https://bit.ly/34AdnO9. Acesso em 13 abr. 2020.

VIEIRA, Hermes. Ouro Preto, o homem e a época. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1949. Disponível em: https://bit.ly/2V6xJvB. Acesso em: 13 abr. 2020.