Nasceu em Rio Pardo, Rio Grande do Sul, em 12 de outubro de 1848. De família tradicional, era filho do capitão do Exército  e Ana Ubaldina de Faria. Bisneto do general francês Pedro Labatut, que participou da guerra de independência em Salvador, e sobrinho-bisneto de Bárbara Pereira de Alencar, célebre por sua atuação na Revolução Pernambucana (1817) e na Confederação do Equador (1824). Transferiu-se para o Rio de Janeiro com o objetivo de se preparar para a Escola Naval, na qual ingressou como praça de aspirante a guarda-marinha (1865). Em sua trajetória militar exerceu diversos cargos de comando, tendo ocupado os postos de guarda-marinha (1868), segundo-tenente (1870), primeiro-tenente (1873), capitão-tenente (1885), capitão de fragata (1890), capitão de mar e guerra (1900), contra-almirante (1902), vice-almirante graduado (1908) e efetivo (1910), e almirante graduado (1914). Voluntariou-se à Guerra do Paraguai (1864-1870), em requerimento ao imperador D. Pedro II, mas foi reconduzido ao Rio de Janeiro para continuar os estudos. Acabou participando da guerra ao servir na Divisão Naval de Montevidéu, e foi condecorado com a medalha da Campanha do Paraguai, oferecida por Uruguai, Brasil e Argentina. Republicano, fez parte da conspiração que levou à instauração da República em 1889 e, à frente do encouraçado Riachuelo, escoltou o Alagoas, que conduzia a família real em seu exílio, até o limite das águas territoriais brasileiras. Posicionou-se contra o golpe de 3 de novembro, que fechou o Congresso Nacional e instaurou o estado de sítio, e integrou o movimento liderado por Custódio de Melo que pressionou Deodoro da Fonseca a renunciar à presidência em 23 de novembro de 1891, assumindo o vice-presidente marechal Floriano Peixoto. Em 1893, no comando do encouraçado Aquidaban, participou da Revolta da Armada (1893-1894), movimento comandado por Saldanha da Gama, Eduardo Wandenkolk e Custódio de Melo, que exigia novas eleições. Derrotada a revolta pelo governo federal, exilou-se em Montevidéu, retornando ao Brasil em 1897, anistiado e reintegrado à Marinha. Em 1905 foi eleito senador pelo estado do Amazonas, renunciando no ano seguinte para ocupar o cargo de ministro da Marinha nos governos de Afonso Pena (1606-1909) e de Nilo Peçanha (1909-1910), que assumiu a presidência com a morte do titular. Eleito para a legislatura 1921-1922 para o Senado, renunciaria mais uma vez pelo mesmo motivo. Foi ministro da Marinha no período 1913-1918, e nos governos de Hermes da  Fonseca (1910-1914), Venceslau Brás (1914-1918) e Artur Bernardes (1922-1926). Nesta sua última passagem pelo Ministério da Marinha, também renunciou ao mandato de senador pelo Amazonas, eleito para a legislatura 1921-1922. Sua gestão à frente desse ministério nos diferentes períodos foi marcada pela reestruturação administrativa do órgão, reorganização de seus quadros e modernização técnica, constante do Programa Naval de 1906, que ficaria conhecido como Programa Alexandrino. Destacou-se ainda pelo investimento na melhoria do ensino profissional para praças e oficiais, pela promulgação de nova lei para o ensino naval, e pela construção e compra de navios e submarinos. Criou o Conselho do Almirantado, novas escolas de aprendizes-marinheiros, a Escola Naval de Guerra e Escola de Aviação Naval. Foi em sua gestão que ocorreu a Revolta da Chibata (1910), em que marinheiros, cabos e sargentos rebelaram-se contra a aplicação de castigos físicos na Marinha. Em 1909 foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar (STM), cargo em que se manteve por 11 anos. Recebeu a medalha do Mérito Militar e o título de Cavaleiro da Ordem de Aviz. Publicou relatórios e trabalhos técnicos, além da obra Aquidaban: histórico do combate de 16 de abril (1895). Morreu no Rio de Janeiro, em 18 de abril de 1926.

 

Daniela Hoffbauer
Dez. 2020

 

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