Nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de junho de 1842. Era filho de um comerciante de origem portuguesa e de mãe indígena. Após a morte de sua mãe, foi para a cidade de Campanha, Minas Gerais, onde iniciou seus estudos. Em 1858, retornou para a capital do Império para completar seus estudos, matriculando-se no Instituto Comercial, onde se destacou nas disciplinas de economia política e desenho. Estudou engenharia na Escola Central, tendo concluído o curso em 1869. Foi secretário e professor de desenho e de pintura no Imperial Colégio de Pedro II, bem como secretário do Instituto Comercial. Na Escola Central, foi aluno de Francisco Freire Alemão, botânico renomado que o teria incentivado em sua disciplina. Conheceu ainda o naturalista Guilherme Schuch de Capanema, barão de Capanema, professor substituto da Escola Central que exerceu grande influência em sua trajetória. A partir de 1868, passou a fazer excursões pelos entornos da cidade do Rio de Janeiro e pelo estado de Minas Gerais, para fazer coletas botânicas, apresentando, em 1870, estudo em três volumes sobre as orquídeas do Brasil, com descrições em latim e francês, o que causou grande surpresa no meio científico nacional. Em 1872, por indicação do barão de Capanema, integrou missão do governo imperial para exploração do vale do rio Amazonas. Permaneceu por três anos e meio na região, onde percorreu os rios Capim, Tapajós, Trombetas, Jamundá, Urubu, Jatapu. Fez contato com indígenas da região, estudou a língua e a cultura dessas comunidades, coletou material arqueológico e geológico, pesquisou a flora local e descreveu, especialmente, orquídeas e palmeiras. De volta ao Rio de Janeiro, publicou cinco relatórios da expedição científica, que esgotaram em pouco tempo. Foi admitido como administrador da fábrica de formicida do barão de Capanema, em Rodeio, interior da província. Em 1883, foi nomeado diretor do recém-criado Museu Botânico do Amazonas, período em que se dedicou à pesquisa da etnologia e botânica do estado, cujas estudos publicou no periódico Velosia. Em 1890, após a Proclamação da República, retornou ao Rio de Janeiro. No mesmo ano, foi nomeado pelo presidente da República Deodoro da Fonseca, diretor do Jardim Botânico. À frente da instituição, promoveu grandes mudanças, muitas delas previstas para o Museu Botânico do Amazonas e que não desenvolvera por problemas orçamentários. Em sua gestão, visitou os principais jardins botânicos europeus e incrementou o intercâmbio com outras instituições científicas, foram criados o herbário e a biblioteca, reorganizadas as estufas e viveiros, houve aumento das coleções e ampliação da pesquisa botânica da flora brasileira, além de instituir o cargo de naturalista-viajante, com a incumbência de coletar espécimes no interior do país. Publicou vários trabalhos científicos e alcançou reconhecimento internacional. Além do estudo sobre as orquídeas, publicou O muiraquitã e os ídolos simbólicos (1889), Rio Jaupery: pacificação dos Crichands (1885), Poranduba amazonense (1890), Vocabulário indígena comparado (1890), Vocabulário indígena (1893), L´Uiraêry ou curare: extraits et compléments des notes d´um naturaliste brésilien (1903), Sertum palmarum brasiliensium (1903), este em Bruxelas, Diminuition des eaux au Brésil (1905), e cinco monografias sobre o vale do Amazonas, lançadas em 1875. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Participou da criação dos periódicos de divulgação científica Ensaios de Ciência e Revista de Horticultura, editados entre 1876 e 1879, e , cujo número único foi publicado pelo Museu Botânico de Manaus. Morreu no Rio de Janeiro, em 6 de março de 1909.

Daniela Hoffbauer
Mar. 2023

 

Bibliografia

IHERING, Hermann von. João Barbosa Rodrigues. Revista do Museu Paulista, Universidade e São Paulo, São Paulo, v. 8, p. 23-37, 1911. Disponível em: https://shre.ink/lAry. Acesso em: 13 jun. 2023. 

INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. História. Disponível em: https://shre.ink/lAF4. Acesso em: 19 jun. 2023.

JULIANELE, R. L. João Barbosa Rodrigues. O caráter de visualidade da ilustração Botânica no Brasil. Dissertação (Mestrado em História da Arte) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997] Disponível em: https://bit.ly/3YFs9Oo. Acesso em: 6 mar. 2023. 

RODRIGUES, João Barbosa. In: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012. p. 1.093.

SÁ, Magali R. O botânico e o mecenas: João Barbosa Rodrigues e a ciência no Brasil na segunda metade do século XIX. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 8 (suplemento), p. 899-924, 2001] Disponível em: https://bit.ly/3ITrVNC. Acesso em: 9 mar. 2023.