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Rafael Sampaio Vidal

Publicado: Quinta, 07 de Março de 2024, 00h00 | Última atualização em Quinta, 28 de Março de 2024, 11h42 | Acessos: 169

Nasceu em Campinas, São Paulo, em 14 de julho de 1870. De família tradicional de cafeicultores paulistas, era filho de Joaquim José de Abreu Sampaio e de Maria das Dores Sampaio Vidal. Seu pai, de origem portuguesa ligada ao comércio, foi juiz de paz de Araraquara e dedicou-se à cafeicultura, tendo participado da fundação de núcleos urbanos para estímulo à imigração, da construção de ferrovias e do patrocínio a empreendimentos urbanos. Iniciou seus estudos na escola de inspiração positivista Culto à Ciência, em Campinas, onde estudaram filhos da elite da região, como Alberto Santos Dumont, Júlio César Ferreira de Mesquita, Olavo Egídio de Sousa Aranha e Cincinato Braga. Em 1887, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde foi contemporâneo de Afrânio de Melo Franco, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Washington Luís. Em 1891, concluiu o curso de direito e retornou para São Carlos, atuando como advogado. Em 1898, foi eleito vereador, destacando-se na defesa de diferentes projetos, como o levantamento estatístico da agricultura do município, a instalação de um espaço para experiências e demonstrações de produtos agrícolas da região, patrocinados pelo Clube da Lavoura local, a reforma da contabilidade, do código de posturas e dos impostos municipais. Reelegeu-se por duas legislaturas, tendo renunciado ao cargo em 1902, por ocasião da crise bancária que levou à falência do Banco União de São Carlos, de propriedade de sua família. Transferiu-se para São Paulo e atuou como advogado, tendo participado dos debates políticos em torno da queda do preço do café, que culminariam na assinatura do Convênio de Taubaté, firmado entre os principais estados produtores, em 1906. Foi eleito deputado estadual (1910-1912), participou de comissões de Agricultura e de Finanças, tendo apresentado projetos relativos à criação do Patronato Agrícola, à sericicultura, ao estabelecimento de distritos de paz e à valorização e defesa permanente do preço do café, tendo apoiado a instituição da Bolsa de Café e a construção da Companhia Central de Armazéns Gerais, em Santos. Em 1912, integrou o governo de Francisco de Paula Rodrigues Alves (1912-1916), à frente da Secretaria da Justiça e Segurança Pública do estado de São Paulo, tendo sua gestão sido marcada pela criação da polícia técnica, reestruturação da Força Pública e do serviço de identificação. Com a reforma do secretariado estadual, promovida por Rodrigues Alves, foi deslocado para a pasta de Fazenda (1913-1915), onde se destacou pela instituição da Associação Comercial de Santos, a estruturação da Câmara Sindical dos Corretores, da Caixa de Liquidação e da bolsa oficial do café; fundação de caixas econômicas estaduais e aquisição de ações do Banco Hipotecário, que foi reorganizado com o nome de Banco do Estado  de São Paulo. Em 1915, afastou-se do cargo por divergências políticas em torno da sucessão estadual. Em 1918, foi eleito deputado federal pelo Partido Republicano Paulista (PRP), atuando notadamente nos projetos e políticas voltados à defesa do café, como a criação do Departamento Nacional do Café, que deveria coordenar todas as atividades relacionadas à cafeicultura. Reeleito, renunciou ao mandato em 1922, para assumir o Ministério da Fazenda, durante a presidência de Artur Bernardes (1922-1926). À frente da pasta, reorganizou a contabilidade do Tesouro Nacional, transformou o Banco do Brasil em banco emissor, pela lei de 8 de janeiro de 1923, e instituiu o imposto geral sobre a renda, direto e pessoal, pela lei n. 4.625, de 31 de dezembro de 1922. O fracasso da política emissionista que subsidiava a política de subsídios estatais ao preço do café, o enorme déficit e a elevada taxa de inflação, levou a discordâncias com Artur Bernardes, situação agravada pela demissão de Cincinato Braga da presidência do Banco do Brasil, que havia indicado. Em 1925, demitiu-se do cargo de ministro da Fazenda e foi eleito senador estadual, concluindo sua legislatura (1925-1928). Apoiou a Revolução Constitucionalista de 1932 e assinou o manifesto em que o PRP, representante da oligarquia cafeicultora do estado, anunciava seu retorno político, num quadro de alteração da correlação de forças políticas após a Revolução de 1930. Integrou a lista dos candidatos da Chapa Única por São Paulo, legenda organizada para concorrer às eleições de 1933, sendo eleito suplente de deputado na Assembleia Nacional Constituinte. Assumiu o cargo de deputado após a promulgação da Constituição de 1934, no período de prorrogação do funcionamento da Constituinte. Foi membro do Conselho Técnico de Economia e Finanças, criado em 1937. Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, em sua gestão foi inaugurado o hospital da entidade, em 1899. Publicou as obras Organização comercial da defesa do café, Contabilidade agrícola de fazenda de café (1905) e Defesa permanente do café (1921). Morreu em São Paulo, em 13 de julho de 1941.

Daniela Hoffbauer
Out. 2023

 

Bibliografia

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 13. ed. São Paulo: Edusp, 2010.

RAFAEL de Abreu Sampaio Vidal. Disponível em: https://shre.ink/rpYr. Acesso: 13 out. 2023.

VIDAL, Rafael Sampaio. In: DICIONÁRIO Histórico-Biográfico da Primeira República (1889-1930). Disponível em: https://shre.ink/USPK. Acesso: 9 out. 2023.

ZIOLI, Miguel. Política com café no oeste do  estado de São Paulo: Bento de Abreu Sampaio Vidal (1872-1948). 2006. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Universidade Estadual Paulista, Assis, São Paulo, 2006.

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