Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1869. Era filho de Luís Manuel das Chagas Dória, general de divisão reformado, e de Adelaide d’Escragnolle Taunay Dória. De família tradicional, seu pai foi professor da Escola Militar, irmão de Francisco Manuel das Chagas Dória, barão de Itaipu, e sua mãe era irmã de Alfredo d’Escragnolle Taunay, o visconde de Taunay. Fez seus estudos iniciais no tradicional Colégio Aquino e no Colégio Amorim, e o secundário no Imperial Colégio de Pedro II. Em 1886, ingressou no curso de ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito de São Paulo, concluído em 1890, e foi contemporâneo de Venceslau Brás e Delfim Moreira, dois futuros presidentes da República. Após formado, exerceu a advocacia e foi editor dos Debates, publicação do Senado Federal (1896 e 1898). Escreveu para alguns periódicos e revistas de São Paulo e do Rio de Janeiro, utilizando pseudônimos diversos. Iniciou carreira no magistério, tendo atuado em diversas instituições de ensino. De 1902 a 1909, lecionou como professor interino no Ginásio Nacional, regendo as cadeiras de francês, inglês, lógica e geografia. Entre os anos de 1908 e 1909, ampliou sua atividade como docente, por instituições como Pedagogium Municipal, Colégio Paula Freitas, Ginásio Fluminense, Escola Normal, Ginásio Pio Americano, Instituto Comercial e Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Em 1906, foi aprovado no concurso para as cátedras de história universal, história da América e história do Brasil do Colégio Pedro II, tendo concorrido com os candidatos José Veríssimo, Felisberto Freire, Joaquim Osório Duque Estrada, Armando Dias e Pedro Couto. Nos anos de 1909-1910, 1911 e 1912, participou de comissão enviada à Europa, pelo ministro das Relações Exteriores, José Maria da Silva Paranhos Júnior, barão do Rio Branco, encarregada de reunir e recolher documentos de interesse para a história pátria nos arquivos europeus. Em 1917, foi nomeado para a direção do Arquivo Nacional pelo seu antigo colega da Faculdade de Direito, Venceslau Brás, cargo no qual permaneceu até 1922, quando foi substituído pelo bacharel João Alcides Bezerra Cavalcanti. Em sua gestão à frente do órgão, destacou-se pela organização do espaço físico do prédio ocupado, pelo controle do acervo, pela instalação de um gabinete fotográfico, por alterações na produção editorial da instituição e pela criação de um museu histórico no Arquivo Nacional. Foi membro de inúmeras instituições científicas, como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), o Instituto de Bacharéis em Letras, o Instituto Genealógico de São Paulo, além de ter sido sócio correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa. Foi membro das irmandades da Glória do Outeiro, da Santa Cruz dos Militares e da Lapa dos Mercadores; mordomo dos prédios da Irmandade do Santíssimo Sacramento Santo Antônio dos Pobres; e procurador da Casa dos Expostos, da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia. Em 1920, foi nomeado quinto mordomo dos prédios, quando passou a gerir o patrimônio do Hospital Geral. Colaborou com inúmeros periódicos como Folha da Tarde, Jornal do Comércio, A Semana, Rua do Ouvidor, Capital Paulista, Gazeta de Notícias, além das revistas Eu sei tudo, Renascença, Kósmos, Arquivo Público Mineiro, Século XX e Sul América. Deixou uma extensa obra literária, escreveu e publicou contos, poesia, crítica artística e literária, libretos para óperas e poemas sinfônicos, atuou como tradutor e foi comentarista dos programas da Sociedade de Concertos Sinfônicos (1913-1931). Traduziu O corvo, de Edgar Allan Poe, e As semivirgens, de Marcel Prescot (1896). Entre seus trabalhos, destacam-se: Dor. Contos variados (1904), notas biográficas de Carlos Laet (1940), Oliveira Lima e d. Pedro II, infância e educação (1917), Centenário da Independência (1922), Terra fluminense (1929) e Memória histórica do Colégio de Pedro Segundo – 1837-1937 (1937). Morreu no Rio de Janeiro, em 14 de janeiro de 1948.
Daniela Hoffbauer
Jan. 2023
Bibliografia
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