Nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 17 de setembro de 1860. Filho do engenheiro João Gustavo de Frontin e de Hipólita Laurença Eulália de Villan. Casou-se com dona Maria de Toledo Dodsworth, depois condessa de Frontin, filha de Jorge João Dodsworth (1841-1899), 2º barão de Javari, proprietário de terras e político, prima de Nair de Tefé e tia de Henrique Dodsworth (1895-1975), interventor do então Distrito Federal (1937-1945). Estudou nos colégios São Luís e José Ferreira da Paixão, em Petrópolis, e no Rio de Janeiro frequentou o Colégio Pinheiro, matriculando-se em 1873 no Colégio de Pedro II, onde fez o curso de madureza e os preparatórios para ingressar na Escola Politécnica. Em 1879 formou-se em engenharia civil e, um ano depois, obteve por essa mesma instituição os títulos de engenheiro de minas e de bacharel em ciências físicas e matemáticas, e de doutor em filosofia, pela Faculdade de Filosofia do Rio de Janeiro. Já formado, seu primeiro contato com os problemas relacionados ao abastecimento de água na capital republicana foi como residente no Reservatório do França, da Inspetoria de Águas, no bairro de Santa Teresa. Em 1880 realizou concurso para o posto de professor substituto do curso de engenharia civil da Escola Politécnica e, ainda nesse ano, concorreu e obteve a vaga de professor catedrático de mecânica aplicada às máquinas nessa instituição. Mais tarde, também por meio de concurso público, conquistou o posto de professor catedrático de mecânica aplicada, máquinas em geral e cálculo dos seus efeitos e máquinas a vapor. No Colégio de Pedro II foi professor substituto de filosofia e em disponibilidade da cadeira de máquinas e astronomia. Fundou juntamente com alguns membros do Clube de Engenharia a Empresa Industrial de Melhoramentos do Brasil (1890), onde exerceu a função de diretor, e assumiu a presidência em 1891. Em 1896, integrou a comissão que avaliava projetos de saneamento para o Rio de Janeiro, dirigida pelo vice-presidente da República Manuel Vitorino Pereira (1853-1902). Foi engenheiro-chefe da Comissão Construtora da Avenida Central (1903) na gestão do prefeito Pereira Passos (1902-1906) e diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil (1896-1897 e 1910-1914). Em 1912 ingressou no Partido Republicano do Distrito Federal (PRDF) e, em 1917, fundou a Aliança Republicana (AR). Foi eleito senador por essa última sigla carioca (1917-1918 e 1921-1930), prefeito do Distrito Federal (de janeiro a julho de 1919) e deputado federal (1919-1920). Criou, em 1881, junto com Manuel Pereira Reis, entre outros, o Observatório Astronômico da Escola Politécnica, localizado ao lado do Convento de Santo Antônio, cuja finalidade era prover aulas práticas de astronomia e geodésia aos alunos da própria escola e aos aspirantes da Escola da Marinha. Em 1889, em meio aos protestos da população devido à falta d’água no Rio de Janeiro já bastante castigado pelas doenças que então assolavam a cidade (peste bubônica, febre amarela etc.), e à crítica feroz da imprensa ao governo e às autoridades públicas devido ao ineficiente sistema de abastecimento hídrico, conseguiu em tempo recorde realizar obras para canalizar a água, regularizando, assim, o abastecimento à população da Corte. Este episódio ficou conhecido como “Água em seis dias”. À frente da Empresa Industrial Melhoramentos do Brasil realizou empreendimentos ferroviários notáveis como a construção da Linha Auxiliar da Central do Brasil na Serra do Mar, inaugurada em 1898, além de realizar várias obras de remodelação no Distrito Federal. À frente da Comissão Construtora da Avenida Central, realizou melhoramentos no porto do Rio de Janeiro, e construiu a avenida Central, hoje Rio Branco. Na prefeitura, implementou um vasto programa de obras na zona rural, na Ilha do Governador, mas, principalmente na zona sul destacando-se o alargamento e a pavimentação da avenida Atlântica, a construção do cais da Urca, abertura da avenida Meridional, atual Delfim Moreira, e a extensão da avenida Beira-Mar até o Calabouço e a construção do túnel João Ricardo, que ligava o Campo de Santana à Gamboa. No Senado, destacou-se na defesa do Conselho da Intendência Municipal do Distrito Federal – órgão legislativo da cidade do Rio de Janeiro. Lutou em prol de uma ação conjunta entre o governo federal e a prefeitura da cidade do Rio para solucionar o problema do déficit de moradias, defendendo a construção de habitações tanto coletivas quanto individuais. Rompeu com a Aliança Republicana, após sair derrotado quanto à sua proposta de permitir que os aliancistas decidissem livremente qual candidato apoiar na sucessão presidencial de 1922 que elegeu o candidato Artur da Silva Bernardes (1875-1955). Apoiou a chapa dissidente formada por Nilo Peçanha e J. J. Seabra da Reação Republicana. Apoiou a chapa Júlio Prestes e Vital Soares nas eleições de 1930 e com a eclosão do movimento revolucionário de 3 de outubro, discursou no Senado condenando o movimento e defendeu a manutenção da ordem. Na década de 1880, criou e foi presidente vitalício do Derby Club do Rio de Janeiro e fundou também o Centro Abolicionista da Escola Politécnica. Entre os inúmeros títulos que recebeu constam o de presidente perpétuo e membro vitalício do Conselho Diretor do Clube de Engenharia no Rio de Janeiro (1903-1933) e o de conde de Frontin pela Santa Sé (1909). Participou da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e tornou-se sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1921). Escreveu na década de 1880, as teses Estudo completo dos sistemas de viação por meio dos planos inclinados e máquinas fixas e Síntese cinemática e nomenclatura simbólica; publicou o Carvão nacional (1920) e inúmeros discursos entre os quais Homenagem à França heróica e ao seu preclaro representante no Brasil. Morreu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 15 de fevereiro de 1933.
Daniela Hoffbauer
Gláucia Tomaz de Aquino Pessoa
Out. 2018
Bibliografia
ANDRÉ GUSTAVO PAULO DE FRONTIN. In: ERMAKOFF, George (Org.). Dicionário biográfico ilustrado de personalidades da história do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012.
CORRÊA, Maria Letícia. Paulo de Frontin (1860-1933). ENGEL, Magali Gouveia; VIANNA, Carolina (Org.). Trajetórias e sociabilidades intelectuais no Rio de Janeiro (séculos XIX e XX). 1ª ed. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2017, p. 129-136.
KESSEL, Carlos. A vitrine e o espelho: o Rio de Janeiro de Carlos Sampaio. Rio de Janeiro: Secretaria das Culturas, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, 2001.
MARTINS, Luiz Dodsworth. Presença de Paulo de Frontin. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1966.
PAULO DE FRONTIN. In: Dicionário histórico biográfico brasileiro pós 1930. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. 2ª ed. Disponível em: https://bit.ly/2QeADMU. Acesso em: 11 out. 2018.
PAULO DE FRONTIN. In: Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB). Disponível em: https://ihgb.org.br/perfil/userprofile/agpdfrontin.html. Acesso em: 22 out. 2018.
SILVA, Maurício Joppert da; ATHAIDE, Raymundo A. de. Paulo de Frontin, sua vida e sua obra. Rio de Janeiro: Leitura, 1961.