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Ambos elementos, quando enxergados em conjunto, nos permitem entender
como, na verdade, a administração agrícola no período colonial se molda através de
um constante processo de adaptação às contingências da realidade tanto da colônia
como da metrópole, na busca de compactuar os interesses comerciais e as
necessidades financeiras deste com a crescente demanda por cuidados exigida por
aquele, ao mesmo tempo em que tenta se adequar às mudanças de conjuntura no
cenário internacional. Assim, a estrutura acima apresentada nos leva a crer que as
volúveis linhas que determinam as competências dos principais órgãos
administrativos do período colonial nos forçam a entender a administração agrícola
através sobretudo das políticas de Estado determinadas pela Coroa para as terras
brasileiras.
Um ponto de inflexão importante se dá na segunda metade do século XVIII,
quando d. José I empossa o marquês de Pombal como seu principal ministro,
iniciando assim uma série de reformas que até hoje levam seu nome na historiografia.
Tais reformas afetam diretamente o Brasil, por aprofundar ainda mais o caráter
mercantilista dos instrumentos de colonização, em uma política explícita de integrar a
economia colonial como fornecedora de matérias-primas para o desenvolvimento do
processo de industrialização da metrópole. O período das reformas pombalinas é
marcado pela extinção e a criação de uma série de órgãos como as Companhias de
Comércio e as Mesas de Inspeção, ambos buscando aperfeiçoar os mecanismos de
integração comercial e combater o contrabando, acirrando a supervisão do Estado
sobre as atividades privadas na colônia e buscando racionalizar o aparato
administrativo. Essas tendências persistiram mesmo com a saída de Pombal do poder
em 1777 e significaram muito para consolidar a situação de extrema dependência que
o balanço de pagamentos português apresentava em relação aos produtos primários
brasileiros na virada do século XVIII para o XIX.
Por último, mas não menos importante, o estudo da administração da
agricultura no período colonial deixa claro a ênfase dada, pela Coroa, aos principais
produtos de exportação como açúcar, tabaco etc. A predominância desses gêneros na