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Júnior e já vista anteriormente.

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No entanto, foge às pretensões deste trabalho se

aprofundar em tais discussões, cabendo-nos apenas aquilo que parece unanimidade:

que o cultivo de gêneros alimentares era feito tanto dentro das grandes fazendas

tradicionalmente estruturadas dentro do modelo de

plantation,

quanto em lavouras

que passaram a surgir com esse fim específico. É esse o cenário passível de

administração pela metrópole.

Dentre os gêneros cultivados para consumo interno, podemos destacar o feijão,

o milho, o arroz e, sobretudo, a mandioca, que logo se tornou a base da alimentação

colonial. Plantada em terras brasileiras desde o período anterior ao descobrimento, a

mandioca remetia ao apóstolo São Tomé, que, segundo a tradição registrada por frei

Vincente de Salvador, havia sido o responsável pela introdução da planta junto aos

indígenas (Oliveira, 2009, p. 1). Mas se essa lenda serve como simbolismo para

demonstrar a importância da mandioca, parece mais sensato acreditar que a expansão

de seu uso na alimentação colonial se deu por vantagens inerentes ao seu cultivo: sua

produtividade era maior que a do milho e do feijão, além de ser mais resistente aos

solos e ao clima e, quando torrada e bem condicionada, podia ser transportada

facilmente, o que constituía grande vantagem dada a precariedade de transporte na

colônia. Além disso, na mandioca os portugueses acharam um substituto adequado

para o trigo usado na Europa, sendo sua farinha usada na alimentação de todos os

grupos sociais (Linhares, Silva, 2000, p. 51-2). Luís Amaral, na já aqui citada

História

geral da agricultura brasileira

, nos faz ver que a importância desse produto na colônia

não passou despercebida pelas autoridades públicas; para garantir o abastecimento do

produto, organizou-se na Bahia, no século XVIII, por iniciativa de d. Rodrigo José de

Meneses, um celeiro público, e determinou-se “que nele se recolhesse toda a farinha,

que vem por mar desta cidade, para dele se prover o povo, conforme a necessidade

atual de cada um, e se coibir o monopólio deste gênero” (Amaral, 1958, p. 304).

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Uma excelente exposição dos principais modelos de explicação da economia colonial e dos debates

daí suscitados podem ser encontrados em

Homens de grossa aventura

: acumulação e hierarquia na

praça mercantil do Rio de Janeiro, de João Luis Fragoso (Fragoso, 1992).