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alcançar, que é a da organização tomando por base as intenções do Estado na

exploração. O tripé básico da economia colonial, constituído pelo latifúndio, a

escravidão, e a produção para exportação, nos parece consequência de uma política de

Estado que buscou estabelecer estruturas capazes de integrar a produção brasileira no

mercado internacional e garantir a apropriação da renda decorrente. Assim revela-se

por detrás desse processo a busca por entender diversos aspectos na formação da

agricultura brasileira, através da forma como, inequivocamente, sua origens têm de

passar pelas mãos do Estado português, que implantou suas raízes e as deixou de

herança para um outro Estado que viria a se formar como consequência do processo

de independência: o Estado brasileiro.

Pudemos identificar também que a administração da questão agrícola só pode

ser estudada a partir da compreensão de algumas características elementares do

modelo administrativo português. Não há no período um órgão que estivesse

exclusivamente dedicado à agricultura, sendo essa função pulverizada entre diversas

entidades e órgãos públicos, e sempre exercida através da ótica dos interesses

mercantis. A carência de uma centralização administrativa, unida à questão da

superposição entre interesse público e privado, também característica do modelo

lusitano, nos levou a distinguir dois tipos de elementos que estão por trás da forma

como a Coroa buscou conduzir a exploração agrícola em sua colônia.

Primeiramente, analisamos elementos que consideramos como fundadores e

sob os quais se estabeleceu toda a agricultura colonial, constituindo assim uma base

mais sólida que perdurou durante praticamente todo o período. Entre esses

elementos, podemos identificar as capitanias, tanto privadas quanto da Coroa, assim

como as sesmarias, e as principais estruturas administrativas de maior alçada, como os

regimentos dos governadores-gerais. Em segundo lugar, demos atenção aos elementos

que identificamos como adaptativos e que giram em torno da enxurrada de leis,

ordens régias e alvarás expedidos no período, formando um corpo legislativo que nos

ajuda a entender as intenções da metrópole, por meio de suas políticas voltadas à

agricultura.