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Introdução
Fazer um trabalho historiográfico tendo como tema a Marinha no período 1891-1930 pode
ser uma tarefa árdua, mas, ao mesmo tempo, provoca o fascínio do historiador. Isto pela
variedade de questões que podem ser exploradas.
Em primeiro lugar, podemos verificar dentro dessa força armada a tensão existente entre
as rupturas e as continuidades com o período anterior, caracterizado, entre outras coisas, por
instituições que refletiam as desigualdades entre os homens. Microcosmo do tempo e do espaço
em que estavam inseridos, os navios e repartições navais do Império refletiam essas diferenças,
seja na mentalidade de seus oficiais, seja em suas ações direcionadas à marujada. Com a chegada
da República, a conservação de práticas como os tribunais de convés e os castigos físicos, cujo
maior símbolo era a chibata, assim como os recrutamentos forçados das populações mais pobres
são exemplos que nos vêm à cabeça quando pensamos nas continuidades da Marinha no período
imperial. E não somente isso: o elitismo da força, cujos altos oficiais eram recrutados nos estratos
sociais mais elevados era também uma característica proveniente do Império e que perdurou por
toda a Primeira República.
Entretanto, podemos verificar também o empenho da Marinha em acompanhar os novos
tempos no Brasil e no mundo. Esforço em associar-se aos ares da República e da modernidade,
em sua organização interna e na busca de equipamentos, tecnologias e treinamento dos seus
homens.
Em segundo lugar, estudar a Marinha significa andar por uma terra com fronteiras tênues.
Isso porque vários âmbitos da historiografia se misturam na análise: história administrativa, social,
militar, das relações internacionais, econômica, dentre outras, atuam em conjunto quando nos
propomos examinar dessa instituição. Mesmo que o historiador em seu estudo privilegie um
campo desse grande mosaico, não pode desconsiderar totalmente os demais.
O presente trabalho utilizou como fonte a legislação do período e, principalmente, os
relatórios da Marinha. Através deles podemos verificar as diferentes opiniões dos 19 ministros
que ocuparam o ministério nesse período, averiguar as mudanças estruturais e de competência