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Quando um ministro da Marinha, sentado em seu gabinete, olhava para os mapas do

mundo e do Brasil, o que ele provavelmente enxergava? Em primeiro lugar, via, desde a segunda

metade do século XIX, o surgimento de novos candidatos à hegemonia do cenário internacional,

posto antes ocupado com largueza pela Inglaterra. O Império sobre o qual se dizia que o ‘Sol

nunca se punha’ disputava a supremacia mundial agora com França, Alemanha, Itália, Bélgica,

Holanda, Japão, Estados Unidos. Todos esses países aumentaram os seus domínios em lugares

como os continentes africano e asiático, arquipélagos do Oceano Pacífico, América Latina. Nesse

sentido, a conjuntura política mundial passava a ser outra, embora o Brasil continuasse com o

papel de país dependente e secundário nesse contexto, palco de interesses e investimentos

internacionais, notadamente norte-americanos (NEVES, 2013, p. 19-20).

Em segundo lugar, testemunhava a constante presença dos discursos do progresso e

modernização que, inclusive, podiam ser percebidos no Brasil desde a década de 1860. As

novidades que a ciência e a tecnologia traziam para a nação geravam o sentimento de que era

necessário entrar na corrida pela incorporação dessas conquistas da civilização no seu cotidiano.

Em terceiro lugar, via que as forças navais ao redor do mundo, principalmente as dos

países que se candidatavam ao título de ‘potência’, mergulhavam cada vez mais no caldeirão da

ciência e da tecnologia. Desde a década de 1870, com o surgimento de navios inteiramente de

ferro (encouraçados), assombrosos e constantes avanços haviam sido feitos nas embarcações,

tornando-as verdadeiras fortalezas flutuantes. A partir daí, tais navios protagonizaram uma

corrida incessante pela introdução de resistências cada vez maiores contra a penetração de

disparos de canhões que, em contrapartida, ficavam mais potentes. A disputa existente entre

blindagem e os canhões gerou navios maiores em tamanho e deslocamento (MARTINS FILHO,

2010, p. 12-13).

Navios de guerra bem equipados, obviamente, são instrumentos de ataque e de defesa da

integridade nacional, mas não apenas isso. A exibição de força militar é uma importante forma de

luta por poder e prestígio entre as nações. A aquisição de armas gera debates não somente dentro

do território nacional, mas também discussões e contendas internacionais, principalmente entre