Nasceu no Rio de Janeiro, então capital do império, em 11 de abril de 1872. Era filho de Rosalina Leonissa Pacheco, primogênita de Manuel Pacheco da Silva, barão de Pacheco, e do professor de estatística, história e geografia Teófilo das Neves Leão, que exerceu o cargo de secretário da Instrução Pública. Estudou no Ginásio Nacional, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, concluindo o curso de ciências médico-cirúrgicas em 1897. Durante o curso de medicina, atuou como professor em colégios particulares, onde lecionou as disciplinas de história natural, matemática, francês e literatura. Combateu no batalhão Acadêmico contra os insurgentes da Revolta da Armada (1893-1894), rebelião de altos oficiais da Marinha contra o governo de Floriano Peixoto (1891-1894). Em 1904, foi nomeado inspetor do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela por Oswaldo Cruz, encarregado da Diretoria-Geral de Saúde Pública (DGSP), pelo presidente Rodrigues Alves (1902-1906), cuja gestão foi voltada para a reforma urbana e o saneamento da cidade do Rio de Janeiro. Atuou ao lado de Oswaldo Cruz em importantes campanhas sanitárias, como o combate à peste bubônica, malária e beribéri. Em 1912, a convite da Superintendência de Defesa da Borracha, integrou a comissão constituída, sob a coordenação do Instituto Oswaldo Cruz, para estudar e propor medidas para o saneamento da região da bacia amazônica, ao lado dos médicos Carlos Chagas e João Pedroso. A missão científica percorreu os rios Solimões, Tarauacá, Purus, Iaco, Negro e Branco, o que deu origem ao Relatório sobre as condições médico-sanitárias do vale do Amazonas, cuja versão final, entregue em 1913, foi assinada por Oswaldo Cruz. Em 1912, tornou-se professor substituto da cadeira de história natural e parasitologia, sendo efetivado em 1925. Em 1915, assumiu a direção do Jardim Botânico, cargo em que permaneceu até 1931. Sua gestão foi marcada pelo incentivo à pesquisa científica, voltando-se especialmente à diversificação da produção nacional e à superação do domínio econômico da monocultura, ao intercâmbio com instituições estrangeiras e à contratação de pesquisadores, como Adolpho Ducke, João Geraldo Kuhlmann e Alexandre Curt Brade, os quais se juntaram a Alberto Löfgren, que chegara em 1913. Em sua gestão, incentivou a realização de expedições científicas para coleta e identificação de novas espécies; elaborou um inventário científico da flora nacional; expandiu o herbário e arboreto, aumentando a coleção de espécies; incrementou a permuta de publicações e de material botânico com estabelecimentos congêneres; criou o periódico científico Arquivos do Jardim Botânico, em 1915, com a finalidade de divulgar as pesquisas botânicas realizadas na instituição; e dedicou-se à constituição de uma reserva florestal, que se tornaria a Estação Biológica de Itatiaia. Morreu no ano seguinte, em 21 de junho de 1931. Foi membro da Sociedade Nacional de Agricultura, cuja diretoria integrou em 1910, como terceiro vice-presidente, e membro honorário da Academia Nacional de Medicina.
Daniela Hoffbauer
Abr. 2023
Bibliografia
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