Nasceu em 9 de fevereiro de 1837, em São Lourenço, Niterói. O mais velho de cinco irmãos, recebeu de seu pai o nome do pensador e político liberal suíço (1767-1830), defensor do constitucionalismo. Filho de Leopoldo Henrique Botelho de Magalhães, militar da Marinha portuguesa, e de Bernardina Joaquina da Silva Guimarães, natural do Rio Grande do Sul. De família bastante humilde, aprendeu as primeiras letras com seu pai, que, afastado da vida militar, abrira uma escola de primeiras letras em Niterói. Em virtude da situação financeira, sua família mudou-se bastante, tendo morado em Niterói, Macaé, Magé, Petrópolis. Em 1848, a família transferiu-se para Minas Gerais, onde seu pai fora administraria uma das fazendas do conde de Lajes. Em 1849, o pai morreu de febre tifoide, o que teria causado um colapso nervoso em sua mãe e o levou a tentar o suicídio. Como filho mais velho, tonou-se o arrimo da família, que, no ano seguinte, se transferiu para a Corte com a ajuda de amigos. Matriculado no externato do Mosteiro de São Bento, por seu excelente desempenho tornou-se professor auxiliar de Latim e Matemática Elementar. Em 1852 ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha e teria mudado o ano de seu nascimento para 1833, a fim de apresentar a idade mínima exigida nos exames. Na Escola Militar o ensino era gratuito, o que a tornava destino comum de estudantes oriundos de famílias pobres. Assentou praça no Exército, no 1º Regimento de Cavalaria Ligeira, para fazer jus ao soldo militar durante seus estudos, além de ministrar aulas de reforço na Escola Militar e em outros colégios, assumindo integralmente o sustento da família. Ingressou como cadete de segunda classe (1852), sendo promovido a alferes aluno (1855) e alferes do Estado Maior de 1ª classe (1857). Matriculou-se, em 1858, na Escola de Aplicação do Exército, a fim de concluir o curso militar, mas se desligou no ano seguinte. Bacharelou-se em Ciências Físicas e Matemáticas, em 1860, na Escola Militar, mesmo ano em que foi promovido a tenente de Estado-Maior. Iniciou, no ano seguinte, o curso de engenharia civil na Escola Central, que não concluiu. Nesse período realizou concurso para o magistério, em 1860, para o Colégio de Pedro II, em 1862 para a Escola Normal da Província do Rio de Janeiro. Apesar da aprovação em primeiro lugar, não obteve as vagas. Atuou como examinador na Escola Central, professor substituto no Colégio Pedro II e da Escola Normal, mas apenas em 1863 conseguiu a vaga para o magistério oficial, ao ser aprovado em concurso para o Instituto Comercial. Foi nomeado praticante no Imperial Observatório Astronômico (1861), e lente de matemática e ciências naturais do Imperial Instituto de Meninos Cegos (1862). Em 1862 foi convidado para lecionar matemática às filhas do imperador, mas recusou o convite. Casou-se em 1863 com Maria Joaquina da Costa, filha do diretor do Instituto dos Meninos Cegos, com quem teve oito filhos, sendo que dois meninos faleceram ainda nos primeiros anos de vida. Em 1866 foi promovido a capitão de Estado-Maior de 1a Classe, mesmo ano em que foi convocado para a Guerra do Paraguai (1864-1870). Esteve no conflito entre 1866 e 1868 em comissões administrativas e como engenheiro militar e estrategista, atuando no Corpo de Engenheiros. Sem apego à carreira militar, crítico da organização administrativa e da condução da guerra, acabou por ter uma passagem curta, abreviada por problemas de saúde decorrentes da malária que contraiu no Paraguai. Em seu retorno ao Brasil reassumiu as atividades de magistério e, em 1869, com o falecimento de seu sogro, foi encarregado da direção do Imperial Instituto de Meninos Cegos. Em 1873 foi finalmente aprovado em concurso para a Escola Militar. Ainda aluno da Escola Militar fez contato com a a filosofia positivista, da qual foi importante divulgador, tendo sido um dos fundadores da Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, criada em 1876. Participou da fundação do Clube Militar, em 1887, do qual se tornou vice-presidente, assumindo uma posição de destaque na crise política que marcou a transição do Império para a República. Em 1889 foi promovido a tenente-coronel graduado e nomeado lente catedrático da Escola Superior de Guerra, e a general de brigada, em 1890. Em 1889, instaurada a República, foi o segundo vice-presidente do Governo Provisório, e nomeado ministro da Guerra, quando apresentou o projeto de reforma do ensino nas escolas do Exército. Em 1890 foi sucedido na pasta da Guerra por Floriano Peixoto, tendo assumido o Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos. À frente deste ministério criou o Pedagogium e o Conselho de Instrução Superior, proibiu o ensino religioso em estabelecimentos públicos de instrução leiga, deu novos regulamentos para diversos órgãos, como a Escola Normal, o Instituto Nacional dos Cegos, a Biblioteca Nacional, a Escola Politécnica e o Ginásio Nacional, antigo Colégio Pedro II, além de promover uma ampla reforma da instrução pública primária, e secundária, no Distrito Federal, e superior em todo o país. Doente, exonerou-se do Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos em 17 janeiro de 1891. Morreu no Rio de Janeiro, em 22 de janeiro de 1891.
Bibliografia:
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