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Conclusão

A história das tentativas de modernização da Marinha ao longo da Primeira República foi

marcada por um misto de desconfianças políticas e contendas pessoais, principalmente no alto

oficialato.

Se por um lado, uma marinha moderna e com embarcações de alta tecnologia poderia ser

um instrumento que auxiliaria a afirmação do Brasil como uma potência regional, por outro

poderia ser um elemento de desestabilidade política para os governos ou mesmo para o recém-

nascido regime republicano. A experiência de duas revoltas em poucos anos de República parecia

mostrar que alguns setores da Marinha não hesitavam em pegar em armas para fazer valer os

seus interesses.

Quando teve a possibilidade de modernizar-se, as disputas e o forte personalismo dos

ministros nos projetos navais fez com que estes caminhassem entre avanços e recuos, o que

contribuiu muito para a morosidade do ansiado processo de modernização. Nesse sentido, o

almirante Alexandrino Faria de Alencar foi a expressão máxima desse personalismo na Marinha no

período. Entre críticas e aprovações, o almirante deu os contornos da Marinha entre 1891-1930,

ao longo das suas três gestões à frente do ministério.

Se nos anos iniciais do período republicano os relatórios ministeriais queixavam-se

constantemente da incapacidade da esquadra brasileira em conter um possível inimigo ou de

patrulhar a imensa costa do país, a situação não foi muito diferente nos anos finais da Primeira

República. Com navios encouraçados entrando em crescente estado de obsolescência, arsenais

sem a capacidade de construção ou mesmo reparo de embarcações, a Marinha nacional estava

bem longe de possuir a pretendida hegemonia marítima da América do Sul, principalmente

quando olhava para os tradicionais países de comparação, Chile e Argentina. Ainda em 1932, o

ministro Protógenes Pereira Guimarães escrevia:

Na América do Sul, nossos vizinhos, os argentinos, apesar de lutarem com as

dificuldades de uma situação delicada, não cedem o passo no terreno da