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candidato civil fosse eleito (CARVALHO, 2005, p. 52).

Em seguida, após o fechamento do Congresso pelo presidente e marechal Deodoro da

Fonseca, com o apoio de tropas do Exército, a Marinha ameaçou voltar os seus canhões contra a

capital da República recém-nascida, na chamada Revolta da Armada. Com a insistência do

marechal Floriano Peixoto em ocupar a Presidência da República sem convocar novas eleições

presidenciais, por ocasião da renúncia de Deodoro da Fonseca, parte da Marinha insurgiu-se

contra o governo, mergulhando o país em uma guerra civil. Derrotada pelo ‘marechal de ferro’, a

revolta fez a Marinha pagar um alto preço, que se estenderia ao longo de toda a Primeira

República.

A imagem da instituição perante o país e aos seus próprios quadros era a da força que se

revoltara e se dividira. Relatos dizem que mesmo as crianças faziam brincadeiras entre si,

dividindo-se entre ‘florianistas’ e ‘revoltosos’, o que permite visualizar o quão disseminada era

essa visão (MARTINS FILHO, 2010, p. 33). Após o fim da rebelião, a Marinha seguiu dividida entre

os que aderiram à revolta e os que ficaram ao lado do governo, mesmo após a anistia aprovada

pelo congresso em 1896.

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Muitas vezes, o posicionamento de um oficial perante a revolta de

1893 era um elemento a ser levado em conta nos debates e atritos entre seus pares.

A Marinha, que nos anos iniciais da República mostrou-se ativa e combatente,

desapareceu quase por completo do cenário político nacional após a Revolta da Armada. Acerca

desse afastamento, comenta o ministro Protógenes Pereira Guimarães em seu relatório de 1932,

quando se referia à participação da instituição nos acontecimentos da chamada Revolução de

1930:

Afastado da vida íntima da nação pelo ambiente que se agita, o pessoal da

Marinha faz, em geral, da sua profissão, um pequeno mundo confinado aos seus

interesses pessoais e aos seus problemas, de cuja existência as pessoas estranhas

à classe não podem ter noção alguma.

A minha impressão pessoal sobre a atitude da maioria da Marinha em outubro de

1931 é a seguinte:

Raríssimos foram os seus elementos que conheceram o que se passava nos meios

em que se preparava a revolução.

Explica-se, pois, que, desconhecendo o programa revolucionário e não convidada

por seus elementos mais representativos a participar da revolução, ela se

mantivesse na situação de surpresa e expectativa que a caracterizou.

42. A anistia aprovada pelo Congresso previa a volta dos oficiais revoltosos aos quadros da Marinha depois de, pelo

menos, dois anos. Entretanto, conforme vimos, a reunificação da força não se deu sem dificuldades (MARTINS

FILHO,

2010, p. 34).