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pós este breve percurso, esperamos ter oferecido um panorama das principais

alterações que marcaram os ministérios e a estrutura da Presidência da República

entre 1990 e 1994, indicando, no entanto, que a compreensão desse cenário não

deve ser vista apenas através da criação e extinção de órgãos, mas sim a partir de uma

dinâmica mais complexa.

Lembrando sempre que nossa intenção foi apenas apontar possíveis caminhos para o

estudo da administração pública federal brasileira, propusemo-nos a explicitar as relações

existentes entre ela e outros conceitos como Estado, governo e Poder Executivo. Com isso,

pudemos ver, em primeiro lugar, que cada um desses conceitos teve uma trajetória própria ao

longo do século XX, mas que, apesar disso, estas instituições apresentam em sua essência

características que não nos permitem ignorar seus pontos de convergência. Assim, buscamos

enriquecer o estudo da administração pública identificando suas ligações com o cenário

político, econômico, social e, principalmente, institucional em que está envolvida, fazendo-se

necessário entendê-la como um organismo dotado de traços tanto próprios quanto

compartilhados, cuja compreensão deve ser buscada a partir de uma visão holística de seu

desenvolvimento.

Um segundo aspecto ressaltado é como esta interpretação pode ser aplicada

especificamente na análise da administração pública brasileira. Vimos que para entender a

reforma administrativa do governo Collor precisamos perceber também como ela se encaixava

em um panorama mais amplo, o da reforma do Estado. Ao tentar compreender a situação da

administração pública no início desse processo de reformas, vimos que ela trazia um conjunto

de características que remetiam nitidamente à sua trajetória institucional, tais como uma forte

herança clientelista – combatida mas não exterminada com a implantação do modelo de

administração burocrática na década de 1930, que, por sua vez, estabeleceu as primeiras

regras mais formais em relação à meritocracia e à capacitação de pessoal – e o modelo de

Estado-produtor da ditadura militar, baseado na política de substituição de importações, que

acabou por ditar a forma como se organizaria a administração por mais de vinte anos, até a

redemocratização do país na década de 1980.

No fim, foram estas e outras características da administração que, ao serem analisadas

em sua conjuntura – a administração interagindo constantemente com outros elementos

institucionais –, nos permitiram entender tanto as raízes quanto as consequências das

reformas do governo Collor. Da mesma forma, será por meio delas que procuraremos, no

próximo número da série Cadernos Mapa, investigar como o presidente Fernando Henrique

Cardoso iniciou um novo programa de reformas do Estado em que, mais uma vez, a reforma

administrativa teve papel essencial.

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