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Caderno Mapa n.9- A Secretaria de Estado do Negócios da Fazenda e o Tesouro Nacional

para estabelecer as tarifas aduaneiras que considerasse adequadas pra desenvolver diferentes setores da

economia. No entanto, o caráter agroexportador que foi predominante na economia nacional até o fim

do Império estava enraizado não só na estrutura produtiva do país, como também na sua estrutura

social e política, o que dificultava o surgimento de empreendimentos industriais de larga escala. Assim,

de acordo com Nícia Luz, entre a década de 1840 e a década de 1870, as poucas indústrias existentes no

Brasil se mantinham apenas graças a privilégios (monopólios) de exploração e subvenções concedidas

pelo governo. A mesma autora, no entanto, cita que o processo de industrialização no Brasil toma um

novo rumo nas últimas décadas do século, impulsionado por uma série de fatores conjunturais, como a

Guerra de Secessão nos EUA, que desequilibrou o mercado internacional de algodão e deu

oportunidade para o crescimento de industrias têxteis no Brasil, a Guerra do Paraguai, que tornou

necessária uma maior emissão de moeda, a crise do mercado internacional cafeeiro, desviando recursos

empregados nesta atividade, e o estabelecimento de medidas aduaneiras para facilitar a importação de

matérias-primas, dentre outras ações empreendidas (Luz, 1995, p. 37-38). Assim, delineia-se um cenário

de industrialização que se desenvolverá após a virada do século, mas que não se pode dizer que

descaracterizou a economia brasileira da sua dependência de exportações agrícolas.

A relação da Secretaria de Fazenda com o processo de industrialização concentrava-se no controle

que esta tinha sobre a legislação aduaneira e sobre a questão tributária. A industrialização, como um

todo, deve ser vista como parte de um fenômeno mais amplo de modernização, progresso e civilização

que orientou boa parte do plano político, econômico e social brasileiro durante a segunda metade do

século XIX e que também teve outras facetas. Uma delas pode ser vista nas diferentes medidas de

urbanização empreendidas, com destaque para o Rio de Janeiro, capital do Império, que se transformou

a partir de uma série de obras públicas que buscavam adequar a estrutura da cidade a padrões

considerados mais modernos, que envolviam aspectos como higiene pública, transportes, iluminação,

etc.

Acompanhando essa urbanização, observa-se também o florescimento comercial das cidades, e o

crescimento do estabelecimento de firmas e novos negócios atuando nesses centros urbanos. Outro

aspecto inerente do processo de modernização foi a mudança na infraestrutura do país, que pode ser

simbolizada pelos diferentes empreendimentos voltados para construção de uma malha ferroviária

capaz de facilitar a locomoção e colaborar para a integração econômica do território. A dimensão

administrativa desse processo ficou concentrada na Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura,

Comércio e Obras Públicas, criada em 1860, com uma diferente gama de atribuições neste sentido

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A atuação e a organização administrativa da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas

foi tema de um Cadernos Mapa específico, como pode ser visto em GABLER, 2012.

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