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Os arquivos nacionais surgiram a partir do final do século XVIII junto à
emergência da ideia de nação
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e ao novo
status quo
estabelecido após
a Revolução Francesa e a queda do Antigo Regime, não só na Europa,
mas também nas nações americanas independentes. Nesse contexto,
houve o aceleramento de um movimento científico que visava forne-
cer à memória coletiva das nações os monumentos
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de lembrança,
como as festividades, símbolos, insígnias e instituições de memória.
O decreto de 7 de setembro de 1790, ainda no período revolucioná-
rio, criou os arquivos nacionais na França, que se tornaram públicos
com o decreto de 25 de junho de 1794, inaugurando uma nova fase
marcada pela disponibilidade pública dos documentos da memória
nacional. Ao longo do século XIX, diversos países fundaram arquivos
públicos, como a Inglaterra, que organizou, em 1838, o Public Record
Office, em Londres. Em 1881, o papa Leão XIII abriu ao público o ar-
quivo secreto do Vaticano, estabelecido em 1611. Além disso, foram
fundadas instituições para a formação de especialistas em arquivos,
como a École des Chartes em Paris, em 1821; o Institur für Österrei-
chische Geschichtsforschung em Viena, em 1854; a Scuola di Paleo-
grafia e Diplomatica em Florença, em 1857 (Le Goff, 2003, p. 458-459).
O nascimento dos arquivos modernos, de acordo com Michel de
Certeau (1982, p. 81), esteve relacionado à “combinação de um
gru-
po
(os “eruditos”), de
lugares
(as “bibliotecas”) e de
práticas
(de cópia,
de impressão, de comunicação, de classificação etc.)”, os quais tive-
ram sua origem nas coleções italianas e depois francesas, financia-
das pelos grandes mecenas, a partir do século XVI, como forma de
se apropriarem da história. O ato de colecionar esteve vinculado à
justificação de grupos familiares e políticos emergentes, através da
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De acordo com Benedict Anderson (2007), a nação pode ser definida como uma
“comunidade política imaginada”, limitada e soberana.
Imaginada,
pois, apesar de
os membros não se conhecerem, todos compartilham da ideia de pertencimento.
Ao mesmo tempo, seria
limitada,
porque possui território finito e suas fronteiras
não se estendem por toda a humanidade. Seria também
soberana
, conceito surgido
com o Iluminismo e a Revolução Francesa, que contestavam a legitimidade de uma
sociedade estamental e hierárquica, e também a ordem divina, que comandava
o mundo e os homens, prezando a liberdade, que seria possível somente com
a noção de um Estado soberano. Como
comunidade
, Anderson entende que,
“independentemente da desigualdade e da exploração efetiva que possam existir
dentro dela, a nação é sempre concebida como uma profunda camaradagem
horizontal”, ou seja, remete a uma ideia de fraternidade entre seus membros.
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No artigo “Documento/monumento”, Le Goff (2003) define
monumento
como as
heranças do passado e
documento
como a escolha do historiador. Os documentos e
monumentos seriam os materiais da memória coletiva e da história.