Manuel Inácio de Belfort Vieira

Nasceu em São Luís, província do Maranhão, em 30 de abril de 1854. De família tradicional na política, era filho de João Pedro Dias Vieira e de Isabel Nunes Belfort. Seu avô materno, Antônio de Sales Nunes Belfort, foi presidente das províncias do Ceará e do Maranhão. Seu pai assumiu importantes cargos na administração imperial, foi presidente das províncias do Amazonas (1856-1857) e do Maranhão (1857-1860), secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros (1864-1865), da Marinha (1864) e ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (1864), além de senador (1861-1870). João Pedro Belfort Vieira, seu irmão, fez igualmente uma notável carreira política, foi presidente da província do Piauí (1879-1889), senador (1890-1896) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) (1897-1910). Em 1871, ingressou na carreira militar na Marinha, quando iniciou a formação na Escola Naval, como praça de aspirante a guarda-marinha. Em 1873, foi promovido a guarda-marinha, segundo-tenente (1875), primeiro-tenente (1879), capitão-tenente (1890), capitão de fragata (1901), capitão de mar e guerra (1904), contra-almirante (1911) e vice-almirante (1912). Em 1883, formou-se engenheiro geógrafo, tendo sido nomeado no ano seguinte instrutor de história e tática naval. Exerceu vários cargos de comando na Marinha, dirigiu a Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina e, diplomado como oficial artilheiro, navios da flotilha do Amazonas; foi chefe do Estado-Maior da esquadra (1891); comandou o cruzador Quinze de Novembro (1897); foi inspetor dos estabelecimentos navais na região Norte (1909), inspetor-geral de navegação (1911), diretor da Divisão de Encouraçados (1911) e superintendente de Portos e Costas (1912). Em 1890, foi nomeado presidente do estado do Maranhão e, no ano seguinte, eleito deputado para a Assembleia Constituinte federal (1890-1891) e a legislatura ordinária (1891-1893), pelo estado do Amazonas. Em 1892, renunciou ao mandato para assumir mais uma vez a presidência do seu estado, em virtude de rearranjos que procuravam acomodar cisões de grupos locais, retornando ao cargo mais uma vez em 1895. Em 1897, foi eleito senador pelo Maranhão, ocupando a vaga do irmão que renunciou ao mandato ao ser nomeado ministro do STF, sendo reeleito para as legislaturas 1900-1902, 1903-1905 e 1906-1908. Retornou à carreira militar em 1909, sendo nomeado ministro da Marinha na gestão do  presidente Hermes da Fonseca (1910-1914). À frente da pasta, investiu na melhoria da formação militar, tendo criado a Escola de Grumetes, em Angra dos Reis, a Escola de Aprendizes-Marinheiros no Rio Araguaia, em Goiás, e a Inspetoria de Pesca, além de ter incorporado à Marinha o rebocador Guarani. Em virtude de problemas de saúde, afastou-se do cargo, tendo sido substituído pelo general Vespasiano Gonçalves de Albuquerque e Silva. Recebeu condecorações por sua atuação na Marinha, como o título de comendador da Ordem de São Bento de Aviz (1890) e a medalha militar de ouro (1904). Morreu na cidade do Rio de Janeiro, em 1º de agosto de 1913.

Daniela Hoffbauer
Ago. 2022

Bibliografia

CAMINHA, Herick Marques. Organização e administração do ministério da Marinha na República. Brasília: Fundação Centro de Formação do Servidor Público; Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1989. (História Administrativa do Brasil, v. 36).

FERREIRA, Luiz Alberto. Decomposição e recomposição: querelas e intrigas nas tramas dos novos partidos no Maranhão (1889-1894). Outros Tempos, São Luís, v. 1, n. 1, p. 1-20, 2004. Disponível em: https://bit.ly/3R0JsGl. Acesso em: 30 ago. 2022.

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