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seguinte seria decretado o ato institucional

n. 12, determinando que o governo

fosse assumido por uma Junta Militar

composta pelos ministros Augusto Hamann

Rademaker Grünewald, da Marinha, Aurélio

de Lira Tavares, do Exército, e Márcio de

Sousa e Melo, da Aeronáutica, e não pelo

vice civil de Costa e Silva, Pedro Aleixo.

Durante o governo da Junta ocorreu o

sequestro do embaixador norte-americano,

Charles Elbrick, por militantes de esquerda.

E em decorrência disso foram decretados

dois novos atos institucionais: o ato n.

13, que determinou a pena de banimento

do território nacional a todo brasileiro

considerado ameaça à segurança nacional, e

o ato n. 14, que estabeleceu a pena de morte

nos casos de guerra psicológica adversa,

revolucionária ou subversiva. Ainda nesse

período tumultuado foi instituída a emenda

constitucional n. 1, de 17 de outubro

de 1969, que, na prática, substituiu a

Constituição de 1967, adaptando-a aos

vários atos institucionais e complementares

(Andrade, 2008, p. 447).

A Junta Militar foi sucedida pelo governo

do general Emílio Garrastazu Médici, eleito

em outubro daquele ano com o retorno

das atividades do Congresso. Durante seu

mandato ocorreu um recrudescimento

da repressão política e o aumento das

denúncias de tortura de presos políticos.

Mas o avanço das telecomunicações também

permitiu a divulgação de uma imagem

próspera do país por meio da propaganda,

amplamente utilizada em seu governo. No

campo econômico, a conjuntura externa

propícia favoreceu o chamado “milagre

brasileiro”, observado na grande expansão

da economia combinada com baixas taxas

de inflação, que resultou no aumento do

PIB, no crescimento da indústria e do

comércio exterior.

Após o governo Médici, a Presidência foi

ocupada pelo general Ernesto Geisel, em

cujo governo foi iniciado o processo de

abertura política, que se definia como

“lenta, gradual e segura”. Entre as medidas

liberalizantes destaca-se a suspensão da

censura do jornal

O Estado de S. Paulo

em 1975.

No entanto, neste caminho houve alguns

retrocessos, como as mortes do jornalista

Vladimir Herzog e do operário Manuel Fiel

Filho nas dependências do Destacamento

de Operações de Informações – Centro de

Operações de Defesa Interna (DOI-CODI)

em São Paulo.

Em 1977, depois de uma crise entre o

Executivo e o Congresso, o presidente

decretou a emenda constitucional n. 8, de

14 de abril, chamada de Pacote de Abril.

Entre outras medidas, o “pacote” ordenou o

recesso do Congresso e instituiu o “senador

biônico”, que seria eleito indiretamente por

um colégio eleitoral organizado de forma a

dificultar a vitória da oposição.

Nesse momento, muitas vozes da

sociedade civil, vindas de diversos grupos

e instituições, como a Igreja Católica, a

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a

Associação Brasileira de Imprensa (ABI),

levantaram-se a favor da redemocratização.

Houve, ainda, a primeira greve de operários

metalúrgicos desde 1964, em São Bernardo

do Campo. E, diante dessa crescente

pressão, o governo, depois de dez anos, no

final do mandato de Geisel, revogou o AI-5,

com a emenda constitucional n. 11, de 14 de

outubro de 1978.

O sucessor de Geisel foi o general João

Batista Figueiredo, que deu prosseguimento

Censura

A censura no Brasil foi institucionalizada com a transferência da corte portuguesa em 1808, embora vigorasse desde o período colonial. Du-

rante os séculos XIX e XX, a atividade era exercida pelos órgãos ligados à Polícia, que em alguns momentos dividiu essa atribuição com outras

entidades, como o primeiro Conservatório Dramático, entre 1843 e 1864, e o Departamento de Imprensa e Propaganda, subordinado à Presi-

dência da República, de 1939 a 1945. No âmbito do ministério, foi criado em 1945 o Serviço de Censura de Diversões Públicas no Departamento

Federal de Segurança Pública e, em 1968, o Conselho Superior de Censura, destinado a rever, em recurso, as decisões finais relativas à censura

e elaborar as orientações para seu exercício. A censura foi extinta pela Constituição de 1988, que declarou livre a expressão de atividade inte-

lectual, artística, científica e de comunicação.