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muito importante, pois põe no centro da discussão os elementos estruturais que,

segundo o autor, definem caracteristicamente o processo colonial brasileiro: o

latifúndio, a monocultura e o trabalho escravo. É por meio desses fatores que a

produção colonial, vinculada aos interesses mercantilistas da metrópole, se realiza

dentro do seu “sentido”, sendo o capital mercantil o responsável pela apropriação do

excedente gerado nesta atividade. Tal estrutura, por sua vez, trouxe consigo

características que também seriam decisivas no desenvolver da colônia. Uma delas

seria o fato de que durante o período colonial o desenvolvimento agrícola é

essencialmente quantitativo e não qualitativo, apresentando raríssimas exceções de

avanços técnicos e baseando-se quase totalmente em um sistema de agricultura

extensiva. Para Caio Prado, tal característica tem sua origem na atuação do colono

português e no modelo político-administrativo aqui adotado pela Coroa, isolando o

Brasil do resto do mundo, principalmente no fim do século XVIII (Prado Júnior, 2000,

p. 138). Assim, Caio Prado resume a economia colonial da seguinte forma:

na sua estrutura, um organismo meramente produtor, e constituído só

para isto: um pequeno número de empresários e dirigentes que

senhoreiam tudo, e a grande massa da população que lhe serve de mão

de obra. Doutro lado, no funcionamento, um fornecedor de comércio

internacional dos gêneros que este reclama e de que ela dispõe.

Finalmente, na sua evolução, e como consequência daquelas feições, a

exploração extensiva e simplesmente especuladora, instável no tempo

e no espaço dos recursos naturais do país (Prado Júnior, 2000, p. 127).

A essas características poderíamos adicionar mais uma, que nos é de bastante

relevância:

trata-se da dificuldade, dentro desse modelo, da formação de um mercado

interno, uma vez que as grandes fazendas seriam responsáveis por seu próprio

sustento, cabendo apenas aos poucos centros urbanos um espaço para o comércio de

alimentos. É a grande lavoura, voltada para exportação, que constitui o cerne da

agricultura colonial, cabendo apenas um papel de subsistência à cultura da mandioca,

do milho, do feijão etc. (Prado Júnior, 2000, p. 141; Fragoso, 1992, p. 52).