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Para garantir tal exclusivismo, a Coroa lançava mão da estratégia de misturar

capitais privados com estritos monopólios comerciais, principalmente nas fases

iniciais do processo de colonização, em que maiores inversões eram necessárias. No

caso brasileiro, tais exemplos aparecem já com a extração do pau-brasil, feita através

de contratos de arrendamento a particulares concedidos pela Coroa, que possuía o

monopólio do comércio do produto. Tal monopólio foi exercido também, de forma

similar, no comércio de outros produtos como o tabaco, o sal e a pesca da baleia. Na

exploração do açúcar, a presença da Coroa se fez valer principalmente na concessão

de capitanias a particulares, dando o direito a estes de explorarem a terra e

estimulando assim a implantação de grandes lavouras de cana, sobretudo no início do

século XVII, ápice da produção açucareira (Novais, 1979, p. 78-82).

Se a noção de antigo sistema colonial nos ajuda a contextualizar

economicamente a agricultura, daremos agora um passo adiante. Como vimos, para

uma compreensão ampla do nosso objeto de estudo precisamos entender também a

outra parte que compõe o todo: ou seja, as características próprias da administração

portuguesa, que se refletem na sua organização e nas suas estruturas e que são

invariavelmente refletidas pela forma como a metrópole busca administrar sua

colônia. Passemos a elas.

CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA

Assunto bastante refletido por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, a

administração colonial foi por muito tempo concebida de forma generalista, onde a

preocupação em explicar as razões para o atraso português e brasileiro frente às

nações desenvolvidas era, muitas vezes, a finalidade das análises.

Dessa maneira, as mais variadas interpretações surgiram. Sérgio Buarque de

Holanda, no seu clássico trabalho

Raízes do Brasil

, de 1936, busca entender a origem

do processo de colonização a partir das características do povo colonizador, os