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contexto, adaptando-as principalmente a uma nova função social, fruto da migração

de um país que deixa de ser colônia para ser uma nação emancipada.

Estamos, no entanto, interessados em entender como se deu esse processo de

adaptação a partir de uma ótica anterior, buscando compreender como era a

administração da agricultura antes do surgimento de um Estado independente

chamado Brasil, deslocando a perspectiva de integração a um projeto nacional e

buscando as raízes da sua formação estrutural. Assim, em um primeiro momento,

destacamos um marco importante, que consiste na chegada da família real ao Brasil

em 1808. Tal marco, sem dúvida, constitui uma reviravolta nas estruturas

administrativas, sobretudo no que cabe à agricultura, resultando na criação, pelo

alvará de 23 de agosto de 1808, da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e

Navegação. Essa data serve, então, de ponto de inflexão para o estudo do período pré-

independência. Temos uma divisão clara entre dois períodos: 1500-1808 e 1808-1822.

É do primeiro que iremos tratar nas páginas seguintes.

A partir dessa interpretação, não nos propomos a levantar sistematicamente

todas as estruturas administrativas que atuavam dentro do contexto colonial, uma vez

que tal esforço já foi apreendido anteriormente pelo próprio projeto MAPA e

publicado no livro

Fiscais e meirinhos

. Nossa intenção possui um caráter mais

introdutório, buscando trabalhar apenas os órgãos e cargos ligados às atividades

agrícolas, analisando-os dentro de uma dinâmica evolutiva e das características da

administração portuguesa. Nosso interesse não recai sobre a agricultura em si, mas em

entender até que ponto a atividade agrícola aprofunda sua necessidade de controle e

organização por parte da máquina administrativa pública durante o período. Vale

frisar que nosso esforço não se constitui em relatar uma história agrícola brasileira do

período colonial, muito menos uma história econômica. Certamente, tangenciaremos

esses dois campos de estudo, mas apenas como ferramentas necessárias à compreensão

e à contextualização daquele que é nosso principal objetivo, ou seja, o Estado e sua

articulação administrativa com a agricultura, dentro da relação metrópole-colônia,